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Juca Kfouri

Ah, foi no Congo...

É impressionante como somos seletivos até para nos chocar ou indignar; mesmo que aconteçam 15 mortes

EM KINSHASA, uma confusão entre torcedores que jogavam objetos no gramado, inconformados com a derrota de seu time, o local ASV Club, para o Mazembe, que os brasileiros conheceram em 2010 ao eliminar o Inter do Mundial de clubes, terminou em violência policial, no desabamento de um muro e na morte de 15 torcedores. Aconteceu no domingo passado, não no ano passado, no Congo.

Você já imaginou se fosse em Roma, Boston, Londres, Paris ou Berlim? Mas foi na África, tudo bem, esperar o quê? Já morrem tantos de fome que 15 a mais, 15 a menos, que diferença faz?

A tragédia não recebeu por aqui nem 1/10 da cobertura que se deu, por exemplo, quando três pessoas morreram na maratona de Boston, em 2013, vítimas de um atentado.

Três vítimas brancas na mais inglesa das cidades dos Estados Unidos da América! É notícia pra chuchu!

Vá lá que aquilo que nos é mais próximo tenha maior significado e importância.

Mas não só temos raízes na África que não encontramos na terra de Tio Sam como Kinshasa dista 7.436 quilômetros de Brasília, só um pouco mais que os 6.893 que a separa de Boston.

Mesmo assim, pouco se tocou no assunto na segunda, a não ser como mero registro e vamos em frente.

Uma banana no gramado repercute mais, até porque os negros são outros, bem pagos, quase brancos. Não somos macacos. Nem equânimes.

COPA SIM OU NÃO

O que mais se ouve ultimamente, entre os que tentam esconder os malfeitos da Copa, é que os que estão contra deveriam ter se manifestado em 2007, quando se deu a escolha.

Dizem que, então, ninguém se opôs. É uma meia verdade e uma bobagem.

Meia verdade porque houve quem se manifestasse (procure esta coluna no arquivo digital desta Folha), mas isso é o de menos.

O que deve ser levado em conta é que, à época, as promessas eram em torno da Copa do capital privado etc. e tal.

Daí se falar agora, com a experiência do que se vê para a Copa, e para a Olimpíada, em consultas populares futuras sempre que se falar em megaeventos --ou até mesmo em grandes obras.

O fato de que seja bem provável que, sete anos atrás, um plebiscito aprovasse a Copa não muda nada, embora pudesse ser forte argumento para quem a toca mal e porcamente, mesmo que a maioria pudesse contra-argumentar, por ter sido enganada.

A posição da coluna, aliás, não mudou de lá para cá. Sempre achou ser perfeitamente possível fazer uma Copa do Mundo do Brasil no Brasil, jamais a da Ásia ou a da Alemanha.

Mas também desde sempre afirmou que não com essa gente que a pegou para organizar, porque seria o desastre que está sendo.

A tal ponto que o presidente do COL diz que está preocupado tão somente com a seleção brasileira.

Rindo de você e de mim, o inefável Marin.


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