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Bônus?

Sem Marcos, Palmeiras economiza menos de 5% no futebol e perde chamariz para patrocinador

Ricardo Nogueira - 30.ago.09/Folhapress
Marcos em jogo contra o São Paulo pelo Brasileiro-09, no Morumbi
Marcos em jogo contra o São Paulo pelo Brasileiro-09, no Morumbi

LUCAS REIS
DE SÃO PAULO

Após duas décadas, o Palmeiras terá de aprender a conviver com a ausência de seu ponto de referência.

Desde que Marcos, 38, anunciou sua aposentadoria, anteontem, os palmeirenses queimam os neurônios e colocam na balança o ônus e o bônus da saída do goleiro.

De cara, o clube vai economizar quase R$ 4 milhões por ano com o corte de aproximadamente R$ 330 mil por mês -era o maior salário do time.

Por outro lado, o Palmeiras sabe que perderá incontáveis cifras em marketing, venda de uniforme e produtos licenciados. Está sem patrocínio na camisa, e a ausência de Marcos certamente não ajudará a encontrar uma marca disposta a pagar os quase R$ 20 milhões anuais.

Embora a Adidas não divulgue dados, o fato é que Marcos é, há tempos, o campeão de venda de peças -só ele ganhou uma edição comemorativa recentemente.

Sem falar que é uma figura conhecida internacionalmente, o que alavanca a imagem do Palmeiras.

Perto disso, os R$ 4 milhões anuais praticamente desaparecem -o valor não representa nem 5% do valor gasto pelo clube com o futebol profissional anualmente.

"Jogador se aposentar faz parte da carreira. Todos sabiam que aconteceria cedo ou tarde. Por isso, o clube precisa estar preparado para trabalhar sua imagem de ídolo, mesmo aposentado", disse Fábio Wolff, especializado em marketing esportivo.

O Palmeiras não sabe, porém, como aproveitar Marcos. Roberto Frizzo, vice de futebol, disse que ele será um embaixador do clube. Mas o fato é que nem o próprio ex-jogador tem certeza do que poderia fazer pelo clube.

Além da questão da imagem, é o fim da voz ativa do camisa 12 que pode significar o maior ônus para o clube.

Ao lado de Luiz Felipe Scolari -e mesmo quando não podia jogar, limitado pelas dores-, Marcos sempre foi um dos pilares da equipe.

Respeitado, tinha uma liderança natural e participava de preleções mesmo em sua fase derradeira, quando as dores o impediam de jogar.

Sua velha ligação com Scolari também era um trunfo. Porém não funcionou, devido à fragilidade dos recentes elencos do Palmeiras.

Marcos vestia carapuças e segurava bombas, mantinha uma relação absolutamente saudável com a torcida e representava o último bastião de um time que desaprendeu a ser campeão.

No entanto, também é fato que alguns cartolas sabem que, sem Marcos, o time estará livre de autocríticas indesejáveis, principalmente após as derrotas.

Como o próprio Marcos disse em entrevista à Folha, já fora advertido várias vezes por falar demais e desagradar com essa atitude.

Marcos ganhará um busto pelo amor ao Palmeiras. E tocará sua vida, com sua clínica de fisioterapia, sua paixão por carros e suas terras. Resta saber como o Palmeiras se portará sem seu santo.

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