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Rita Siza

Cometa Halley

Os bilhetes dos Jogos aparecem raramente e, assim que os vemos, desaparecem

Sebastian Coe, lorde Coe, o antigo atleta que agora é presidente do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de Londres, comparou a importância do evento à passagem do cometa Halley, um "momento único e irrepetível para muitas gerações".

Ora bem, os meus conhecimentos de astronomia são bem rudimentares, mas era capaz de jurar que o dito cujo astro que gira em volta do sol, descrevendo órbita muito excêntrica, faz a sua aparição periodicamente a cada 76 anos.

Talvez seja um pouco menos para os londrinos, que já receberam a Olimpíada em 1908, 1948 e agora outra vez... Adiante.

Em várias entrevistas, Coe reforçou o sentido de responsabilidade que a organização que dirige sente, especialmente nestes últimos meses em que já se trata quase só de afinar detalhes. A fase pesada de construção foi cumprida, de acordo com o calendário e com o orçamento, pelo que se trata de acertar o esquema de segurança, reforçar os transportes, testar a operacionalidade de todos os equipamentos, ensaiar o espectáculo de abertura, pôr a aldeia olímpica a funcionar.

Mas a responsabilidade a que o lorde se referia é outra: "Não deixar ninguém ficar mal" e, mais importante do que tudo, "levantar o astral do país", explicou.

"Queremos que os Jogos Olímpicos sejam um evento que faça as pessoas se sentirem realmente orgulhosas de serem britânicas, do que somos capazes de fazer. Nesta altura de dificuldades em todo o mundo, devemos contribuir para animar a vida das pessoas, levantar o seu astral", comentou.

"Tento resistir à tentação de dizer que as pessoas vão viver num frenesim de excitação, mas acredito que vamos proporcionar às pessoas um ano muito especial."

Se, no resto do ano, a excitação for equivalente à que experimentei ontem, com alguns amigos que tentavam freneticamente comprar ingressos na segunda ronda de vendas on-line, então com certeza será um ano especial.

Na busca por eventos, era-nos devolvida uma lista com os bilhetes ainda disponíveis, uns muito caros, outros bem baratos, mas, assim que os arrecadávamos para o nosso "carrinho de compras" e pacientemente nos colocávamos na "fila" para poder pagar, aparecia uma incompreensível mensagem a dizer que, afinal, os lugares estavam indisponíveis.

Os bilhetes, como o cometa Halley, aparecem raramente e, assim que os vemos, desaparecem logo, num rasto de luz e neblina.

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