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Juca Kfouri
Majestosíssimo!
O clássico em Itaquera foi daqueles com todos os ingredientes de um jogo que honra suas tradições
QUE JOGO! Valeu pela velha rivalidade que vem desde 1930 com direito a cinco gols, um lance polêmico, dois passes geniais, o brilho de um veterano Kaká, a lucidez de uma promessa Malcom, duas expulsões corretas e uma virada espetacular num belíssimo gol final, graças a Danilo, quase como último suspiro.
O Corinthians jogava e o São Paulo ganhava, com duas bolas paradas dos pés de Kaká, homem-esquadra durante 90 minutos, pena que, desta vez, sem o apoio de Paulo Henrique Ganso.
Assim o Tricolor fez 1 a 0 e 2 a 1 para tomar dois empates em pênaltis batidos por Fábio Santos.
O primeiro como mera comprovação do aqui escrito ainda ontem: os árbitros resolveram marcar bola na mão como mão na bola.
Como Antonio Carlos poderia ter evitado o rebote que veio do goleiro Denis, a meio metro dele?
Se alguém tiver a solução, a coluna agradece se receber uma carta e promete, se convencida, pedir o Prêmio Nobel de Física ao responsável.
Nem por isso, a exemplo do pênalti de Fagner que vitimou o Corinthians contra o Flamengo no domingo passado, o resultado do Majestoso deixou de ser justo. Aliás, foi justíssimo.
Porque, desta vez e seja feita justiça a Mano Menezes, o time alvinegro buscou a vitória desde o início do clássico e sofreu dois gols nas duas únicas finalizações do rival, além de uma bola cruzada ao fim do jogo que Cássio teve de mandar a escanteio.
O Corinthians, enfim, aproveitou uma derrota do líder Cruzeiro, embora pareça tarde para alcançá-lo.
Claro que vencer o São Paulo tem um gosto especial e não será exagero dizer que pela primeira vez o novo estádio em Itaquera funcionou como um verdadeiro caldeirão, a ponto de dar a sensação de que a Fiel entraria no gramado.
Se não bastassem tantos gols, quem viu o espetáculo teve a oportunidade de ver dois passes raros: o do menino Malcom para Guerrero no lance do pênalti cometido pelo uruguaio Álvaro Pereira e o de Danilo para Guerrero fechar o marcador.
O placar também foi clássico, 3 a 2, para fazer o coração do torcedor bater forte do primeiro ao 95º minuto, porque, com requintes de sadismo até o último segundo, as expulsões de Álvaro Pereira e Fábio Santos levaram a quatro, que viraram cinco minutos, os acréscimos --com Kaká batendo mais uma falta na área, como as dos dois gols, no ato final de um embate que ficará registrado na história.
O amante do bom futebol, e o Cruzeiro, agradecem.
PARA PARA
Numa de suas recentes críticas internas, a ombudsman desta Folha propôs uma campanha para devolver o acento que a reforma ortográfica roubou do verbo parar.
Faz todo sentido.
O que não faz nenhum sentido é ler "São Paulo para para ver o Corinthians jogar".
Pior ainda que ler é ter de escrever.