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Dor

Aos 39, Rogério sofre com dor crônica no ombro, pode passar por cirurgia e é exceção em atual safra de goleiros jovens no Brasil

ADRIANO WILKSON
DE SÃO PAULO

Aos 39 anos, Rogério é disparado o goleiro mais velho entre os titulares dos 12 maiores times de futebol do país.

E, na última semana, o jogador passou a sentir no ombro direito a dolorosa consequência dessa longevidade.

Pequenos desgastes no labrum, uma estrutura fibrosa nos membros superiores, viraram dor forte e devem levar o capitão à mesa de cirurgia.

O goleiro tricolor é a exceção entre seus colegas de posição, cada vez mais jovens.

No passado, era comum os goleiros serem os jogadores mais experientes do elenco.

Hoje, treinos específicos para a posição desde as categorias de base fizeram a média de idade dos grandes arqueiros do país, com exceção de Rogério, cair para 27 anos.

"Antigamente, havia uma lenda segundo a qual um goleiro só ficava bom mesmo aos 28 anos", diz o ex-arqueiro Valdir Joaquim de Moraes, 80, responsável pelos primeiros treinamentos específicos para a posição no Brasil.

"Como não tinha treino só para nós, aprendíamos os fundamentos jogando, e isso levava tempo", afirma Moraes, que hoje é consultor técnico do Palmeiras.

"Hoje, com 15 anos você já tem preparador de goleiro. A evolução dos treinamentos melhorou muito. Goleiro novo hoje já pode ser titular."

A concorrência dos jovens faz os veteranos suarem para conseguir acompanhá-los, driblando dores crônicas.

O palmeirense Marcos não resistiu e se aposentou aos 38.

Durante os treinos, Rogério faz trabalhos no mesmo ritmo dos companheiros Denis, 24, e Leo, 21.

"O trabalho físico com os goleiros é feito de forma indiferenciada", diz o médico do São Paulo, José Sanchez.

"Claro que o Haroldo [Lamounier, preparador de goleiros] ouvia sugestões do Rogério, mas, até onde eu vejo, o Rogério não requeria grandes restrições por causa da idade e fazia um trabalho igual a todos [os goleiros]."

Na última sexta-feira, em rápida conversa com jornalistas no CT tricolor, Rogério disse que sua lesão foi causada por excesso de treino.

Durante a pré-temporada, o São Paulo treinou durante 18 dias, inclusive sábados e domingos. Em oito deles, com treinos em dois turnos.

No sábado retrasado, Rogério participou normalmente. Mas, no domingo, acordou com dores fortes no ombro.

"O diferencial é que não houve algo agudo, um baque, uma queda. É uma lesão crônica, várias pequenas alterações que só manifestaram dor agora", diz Sanchez.

Para evitar uma cirurgia que poderia tirá-lo de campo por até cinco meses, Rogério pediu uma semana para tentar um tratamento com fisioterapia. Se as dores não cessarem, ele deve ser operado.

"Se ele estiver se sentindo bem, se treinar normal, vai provar que está bom, e não vamos operar", diz o médico.

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