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Juca Kfouri

Prudentão, 45º C

O jogo começou morno por causa do calor e acabou na base do quanto mais quente melhor

NO SENEGAL, quando está muito quente em Dacar, um amigo africano diz que o calor está prudentino.

E foi sob este calor imprudente em Prudente que foi disputado o primeiro clássico do Paulistinha, sob o sol das 16h do interior de São Paulo.

Que ainda assim foi visto por 26 mil torcedores. Porque o futebol resiste a quase tudo, mesmo que os que o comandam sejam capazes de atrocidades como a de ontem, que trabalham contra o espetáculo. A exemplo, aliás, do que a Fifa fez um dia na Copa de 1994 nos Estados Unidos, um mercado a ser ganho pelo nosso soccer e que foi maltratado por uma final ao meio-dia em Los Angeles, 40º C -e 120 minutos sem gols na decisão entre Brasil e Itália.

O primeiro tempo de Santos e Palmeiras foi vítima disso tudo e houve muito pouco futebol.

Três ou quatro lampejos de Neymar antes que seus miolos cozinhassem e uma bela jogada de Daniel Carvalho que acabara de entrar no lugar do sempre incerto Valdivia.

No segundo tempo, não.

O calor continuava forte, mas o sol já era o das 17h e o Palmeiras trabalhou para ser melhor e vencer. Era melhor, mas lhe faltava o que sobra no Santos: talento. E o talento prevaleceu sobre o trabalho quando Ganso deu o presente de 20º aniversário de Neymar para que ele marcasse o centésimo gol de sua carreira, de cabeça, com os miolos refrescados.

Mas como o Palmeiras adora vencer o Santos mesmo quando inferior -e como o Palmeiras tinha dez dias a mais de preparação do que os titulares santistas já submetidos à desumanidade de jogar no Prudentão com 45º C ao sol- eis que nos três derradeiros minutos, com o começo do pôr do sol como testemunha, o Palmeiras fez seus dois gols que fizeram a virada e a justiça mesmo que tardia.

Parecia impossível, exatamente pelo desgaste.

Mas nada é impossível no futebol, que resiste, sobrevive e apaixona, além de Felipão ter agido como deveria ao botar Maikon Leite e Ricardo Bueno nos lugares de Luan e Cicinho, porque perdido já estava.

Sim, o Palmeiras continua dependendo demais das bolas paradas de Marcos Assunção e o Santos está ainda verde em sua preparação.

O que se explica em grande parte o resultado alviverde não deve encobrir a abnegação da equipe de Daniel Carvalho que, só no primeiro tempo, em seis minutos fez mais que Valdivia em 39.

E, se o clássico fosse disputado a partir das 18h, teria sido ainda muito melhor.

blogdojuca@uol.com.br

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