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Juca Kfouri

Tudo passa

O presidente da Associação de Futebol da Argentina é o bom mau exemplo de RT

TODO PASA, está gravado no anel de ouro que Julio Grondona usa no dedo mindinho da mão esquerda.

O dedo é o menor, mas o tempo de permanência no trono da AFA é o maior entre todos os cartolas do mundo do futebol.

E esse deve ser o mau exemplo que Ricardo Teixeira imagina que lhe faça bem.

Grondona tem uma década a mais que Teixeira no posto e, se o argentino assumiu a presidência em 1979, no bojo do golpe militar de 1976, o brasileiro chegou ao poder junto com o primeiro presidente eleito depois do golpe de 1964.

Sim, Teixeira e Collor, tudo a ver.

Grondona era o secretário da AFA quando a Argentina recebeu a mais sombria e manipulada de todas as Copas do Mundo, em 1978.

Teixeira vê a Copa no Brasil daqui a três anos com o lado contrário do binóculo.

Mas, se tudo passa, por que não passará mais uma crise na CBF?

Grondona viveu várias com a democratização da argentina e resistiu num país cujas pessoas costumam se manifestar com muito mais frequência e vigor que nós, brasileiros.

O octogenário Grondona, no entanto, em sua impressionante capacidade de sobreviver -apesar das inúmeras trocas de governo (15) e uma dezena de greves de jogadores- está cumprindo seu nono mandato de quatro anos, agora de braços dados com Cristina Kirchner.

Porque tudo passa, tudo passará.

Atrevido, já chamou os ingleses de piratas ao remontar o passado assim como fez Teixeira no celebremente infeliz, para ele, mas felicíssimo para o jornalismo, perfil que a revista "piauí" lhe traçou.

Não têm sido poucos os leitores que se manifestam para lamentar e discordar do colunista, avaliando que ele perdurará. Argumenta-se com os Collor, Sarney, Maluf, Barbalho etc., todos aí, leves e soltos. E é a mais pura verdade.

A diferença, além do desejo, é a constatação que ao crítico cabe fazer: mal ou bem todos os personagens acima citados de uma forma ou de outra têm sido interessantes para os governantes que chegam ao Palácio do Planalto.

Teixeira não.

Agora, quando acabou-se o nosso Carnaval, ele promete voltar. Mas se pensa mesmo que Ricardo é Julio, oxalá sinta que Ricardo não é Julio não.

RUY CASTRO

Cuide-se! Porque o Rio de Janeiro continua lindo.

blogdojuca@uol.com.br

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