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Ailanto foi criada só para jogo, diz cartola

SELEÇÃO
Segundo ex-dirigente do DF, empresa ligada a Teixeira foi aberta para receber verba para o amistoso

LEANDRO COLON
DE BRASÍLIA

Responsável por levar o amistoso Brasil x Portugal a Brasília em 2008, o cartola Fábio Simão disse à Folha que a Ailanto Marketing, empresa ligada ao presidente da CBF, Ricardo Teixeira, foi montada para poder receber o dinheiro do governo do Distrito Federal pelo intermédio da realização da partida. "Foi criada só para o jogo", disse.

A versão dele confirma a suspeita levantada pelo Ministério Público: a Ailanto foi criada justamente para receber o dinheiro, sem nunca ter atuado antes no ramo.

Na ocasião, Simão era o presidente da Federação Brasiliense de Futebol e dirigia o projeto da Copa de 2014 em Brasília. Coube a ele a tarefa de levar um jogo da seleção para a inauguração do estádio Bezerrão. Simão era assessor do então governador José Roberto Arruda.

À Folha ele falou sobre o amistoso, alvo de investigação do Ministério Público e da Polícia Civil por suspeita de superfaturamento.

Simão disse ter, na época, procurado o presidente do Barcelona, Sandro Rosell, para pedir ajuda na negociação pelos direitos dos jogos, que haviam sido vendidos pela CBF a um grupo árabe.

"O Sandro conhecia [os árabes]. Ele foi utilizado para os contatos porque o conheci quando chefiei a delegação brasileira na Europa."

O dirigente espanhol, segundo ele, intermediou a negociação para levar o jogo a Brasília. Segundo sua versão, Rosell abriu a Ailanto para receber os R$ 9 milhões pagos pelo governo do DF para custear o amistoso, que a empresa teria organizado.

"A Ailanto foi criada por causa de uma burocracia. O governo não pode fazer remessa para o exterior porque é um órgão público. Tínhamos que pagar para uma empresa nacional, aí que essa empresa foi criada", disse.

A empresa é ligada a Teixeira. Conforme revelou a Folha, uma das sócias da Ailanto, Vanessa Precht, deu cheques nominais de R$ 10 mil ao cartola depois do jogo para arrendar a fazenda do presidente da CBF, segundo a Polícia Civil do DF. Uma empresa da Ailanto, a VSV, funcionou na fazenda do cartola.

Ontem, a Folha mostrou que o Ministério Público do DF acusa a Ailanto de ter desviado R$ 1,1 milhão. A federação de Brasília reteve o valor da bilheteria para pagar despesas do contrato do jogo. "O Ministério Público está enganado. Essas despesas não eram de responsabilidade da Ailanto", disse Simão.

Segundo sua versão, Ricardo Teixeira, de quem é aliado, não se envolveu nas negociações com Rosell.

"O Ricardo não entrou em hora nenhuma. Simplesmente, quando pedi o jogo do Brasil, ele disse que estava vendido para os árabes."

Na conversa com a reportagem, Simão saiu em defesa da Ailanto: "Interessa é que ela fez um contrato com o governo dizendo que iria colocar o Brasil x Portugal, e ela colocou. Ela cumpriu o contrato". Ele negou irregularidade no uso dos recursos.

O chefe da assessoria de imprensa do Barcelona, Chemi Terés, informou que Sandro Rosell "não tem o que comentar sobre esta questão". Teixeira tem negado relações com a empresa.

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