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Edgard Alves

Jogada de risco

A seleção olímpica é uma faca de dois gumes: além de potencial para o ouro, vai abastecer o time da Copa

A dupla carga do técnico Mano Menezes -comandos das seleções masculinas principal e olímpica- é uma jogada de risco, evidente a cada nova etapa. Na reta final para os Jogos de Londres-2012, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) deveria focar a Olimpíada, montar um time exclusivamente com este objetivo, ou seja, a luta pelo inédito ouro. A safra de jogadores é boa, mas precisa de preparação adequada.

Foi um erro lamentável a relação dos convocados para o amistoso contra a Bósnia-Herzegóvina ter contemplado apenas oito jogadores olímpicos (com até 23 anos) numa lista de 23 nomes. Deveria ser o inverso. O resultado do amistoso não importava -o Brasil venceu por 2 a 1.

O técnico foi com muita sede ao pote ao assumir as duas funções na CBF. Um fracasso em Londres certamente vai arranhar o projeto da seleção da Copa no Brasil, também sob direção de Mano, que ainda não conseguiu sequer montar uma base para testá-la na Copa das Confederações-2013.

Apesar disso, o jogo contra a Bósnia não era vital no rumo dos trabalhos de 2014. Um time olímpico, ao contrário, além dos acertos para Londres, certamente já estaria preparando peças para reposição na equipe principal.

Imagino que o erro tenha acontecido bem antes da convocação, nas negociações do confronto, com o caixa falando mais alto, a ponto de a direção da CBF aceitar a obrigação de compor um time de atletas consagrados.

Jogos da seleção implicam bastidores estranhos. Por isso, Mano deveria estar distante, só observando os novos valores e preparando uma agenda exclusiva para a definição do time da Copa, já que o Brasil, como sede, não participará das eliminatórias.

O roteiro da seleção registra quatro amistosos no período de 26 de maio a 9 de junho -Dinamarca, EUA, México e Argentina. Os dois primeiros ocorrem em datas não reservadas pela Fifa, o que vai dificultar o trabalho de liberação de jogadores pelos clubes, tanto os da Europa como os do Brasil. Por aqui, por exemplo, estarão em andamento o Campeonato Brasileiro e os mata-matas da Copa do Brasil e da Libertadores.

No futebol da Olimpíada, os países participantes podem levar apenas três jogadores com idade superior a 23 anos.

Abaixo desse limite estão, entre outros, Ganso e Neymar, uma mostra de que a seleção olímpica é como uma faca de dois gumes: além de potencial para a sonhada medalha de ouro, vai abastecer o time da Copa de 2014. Mano Menezes precisa tomar uma posição, já.

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