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Dirigente receava ter o passaporte retido

SÉRGIO RANGEL
ENVIADO ESPECIAL A DOHA

Ricardo Teixeira escolheu deixar o Brasil na última quinta-feira por temer ter seu passaporte retido pela Polícia Federal.

Ele se sentia pressionado com a possível abertura do caso ISL na Suíça e com a investigação no Distrito Federal sobre o amistoso da seleção, em 2008, em Brasília.

O chamado dossiê da ISL, ex-agência de marketing da Fifa, falida em 2001, será avaliado até o final do semestre pela Corte Federal da Suíça e tem documentos considerados comprometedores para Teixeira, segundo a BBC.

Maior escândalo da história da entidade, o caso ISL é tratado com sigilo na Justiça suíça, que concluiu que foram pagos US$ 100 milhões em propinas para dirigentes nos anos 1990.

Nos últimos dias de trabalho na CBF, Teixeira se manteve arredio, falava pouco com os funcionários e tentava não chamar a atenção.

Mas, na quarta, o ex-cartola demonstrou irritação após ler na internet uma matéria publicada no site da BBC.

Nela, a comissão de Cultura, Ciência, Educação e Mídia, que faz parte da assembleia parlamentar do Conselho da Europa, pediu à Fifa que investigasse a reeleição do presidente da entidade, Joseph Blatter, além de publicar documentos relacionados a suspeitas de corrupção.

Após ler o artigo, Teixeira deixou a CBF às pressas e saiu com Reinaldo Carneiro Bastos, da Federação Paulista de Futebol. Depois de 30 minutos, só Bastos voltou para o prédio da entidade. Teixeira não apareceu mais por lá.

Um dia depois, ele pediu licença do cargo.

Isolado fora do país, o ex-presidente da CBF decidiu no sábado renunciar. Para isso, arquitetou a sua saída de forma discreta.

No final de semana, ele não discutiu com nenhum cartola o seu ato final, apenas informou a um grupo de aliados sobre sua decisão.

Depois, comunicou aos familiares que o acompanhavam sobre a sua renúncia.

Com o texto do adeus preparado em sua cabeça, Teixeira foi para seu escritório e redigiu a carta de 32 linhas.

De lá, o ainda dirigente ligou apenas para um diretor da CBF e dois cartolas -José Maria Marin e Reinaldo Carneiro Bastos- para preparar a solenidade de ontem, na sede da entidade.

E encerrou seus quase 23 anos no comando da Confederação Brasileira de Futebol.

O jornalista SÉRGIO RANGEL viajou a convite da ICSS (International Centre for Sport Security)

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