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Lúcio Ribeiro

Febre de bola 2012

'Febre de Bola', do britânico Nick Hornby, é um só. Se você não leu o livro em 20 anos, fikadika

COM Estes últimos acontecimentos futebolísticos seria um bom momento para alguém começar a escrever aqui no Brasil um livro no estilo do fundamental "Febre de Bola", obra literária sobre futebol, tida como o mais inteligente exercício escrito sobre o esporte em todos os tempos. Tal qual "Febre de Bola" e seus capítulos com nome de jogadores, de partidas ou de temporadas, podíamos ter aqui os episódios "Neymar", "Copa no Brasil: sai ou não sai", "A queda de Ricardo Teixeira", só emoção.

Ia ter uns capítulos meio desgostosos no meio, como o famoso livro inglês os tem: "A seleção de Mano", "E o vice era o Marin", "A expulsão do inexpulsável Ronaldinho", "Acontece, Deivid". Mas e daí? Ia vender bem, porque a galera boleira anda empolgada. Os são-paulinos veem o ressurgimento do Luis Fabiano. O Corinthians caminha OK na Libertadores. O Palmeiras feio destravou, fez as pazes com os gols e está até bonitinho, apesar do Barcos. O Santos é o Santos. O Fluminense ganhou do Boca na Argentina. O Flamengo ganhou do Fluminense, que ganhou do Boca etc.

Enquanto o "Febre de Bola" nacional vai sendo escrito diariamente aqui, nesse variado e nobre espaço de colunas da Folha, deveríamos saudar mesmo o original britânico, "Fever Pitch", obra escrita pelo superstar Nick Hornby em 1992, comemorando seus 20 anos neste ano.

Vale ler, reler e ver suas duas versões cinematográficas. É a história de um torcedor do Arsenal, de Londres, e a paixão incondicional pelo time, a ponto de marcar compromissos de acordo com a tabela do campeonato (quem nunca?), não gostar de sair de casa, ligar computador e ver TV quando o seu time perde (quem nunca?), ficar eufórico com jogos normais e se fingir blasé quando o time perde algum importante (quem nunca?).

"Febre de Bola", grosso modo, é a história dos que fazem colunas do tipo desta aqui. Ou, mais, dos que as leem. É a minha e a sua vida em livro, mais ou menos. No caso pontual, é sobre a vida do próprio Nick Hornby, autobiografia que virou seu primeiro livro e abriu sua bem-sucedida carreira pop, principalmente ligada à música.

Hornby voltou bastante ao assunto nos últimos dias, por causa do aniversário do "Fever Pitch" e por quase ter morrido do coração na semana passada, quando o Arsenal precisava devolver uma goleada de quatro gols ao Milan na Champions League no jogo de volta, fez três no primeiro tempo e mais nenhum no segundo, com direito a uma chance incrível perdida pelo ídolo do time, o craque Van Persie. "Febres de Bola" tem várias, de tempos em tempos. "Febre de Bola", do Hornby, é um só. Se você não leu o livro em 20 anos, fikadika.

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