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Juca Kfouri O estilo Marin Ele não trairá Ricardo Teixeira como não traiu Paulo Maluf. Mas não será fiel, como não foi MILLÔR FERNANDES, imortal gênio da raça, se dizia, "enfim, um escritor sem estilo". Pois José Maria Marin é um político com estilo. Inconfundível estilo dissimulado. Ele cumpriu sem cumprir todos os acordos que fez com o malufismo -que adotou enquanto lhe serviu-, embora os próprios malufistas jamais o tenham visto como tal. Ao suceder Maluf no governo paulista, manteve o secretariado dele, mas, mesmo que informal-mente, pôs gente sua nas secretarias mais estratégicas. Um velho cardeal malufista contava que, mais que a oposição, o próprio Maluf torceu pelo fim de seu curto período no Palácio dos Bandeirantes. Curto, mas rentável, para Marin. A ponto de, no dia seguinte à sua posse, ter exigido que se dobrasse a preestabelecida parte que lhe caberia para a campanha eleitoral que viria. E como Maluf queria ser presidente em eleição indireta, só lhe restou aceitar a reivindicação. Se João Havelange, quando presidente da CBD, sempre fez questão de ter um vice paulista para dar importância simbólica ao Estado mais rico do país, e escolhia para o posto alguém como o empresário José Ermírio de Moraes, da Votorantim, Ricardo Teixeira seguiu-lhe a toada mediocremente, primeiro com Nabi Abi Chedid, depois com Marin. Mas se Moraes não tinha nenhuma ambição de suceder Havelange, Chedid e Marin não pensavam em outra coisa, a ponto de o último, recentemente, ter procurado aliados para uma campanha que tinha a finalidade de botar uma pá de cal na gestão do cartola que fugiu para Boca Raton. Quase octogenário, Marin tratou de fazer de Marco Polo Del Nero seu operador, para surfar a onda da seleção brasileira que já o levou a não seguir exatamente a receita de Teixeira, ao trocar a Copa América, com argumentos risíveis como quase tudo nele, pelo voto do Chile em Nero para o Comitê-Executivo da Fifa, na Suíça. Não é por outra razão que Andres Sanchez anda nervoso, e Mano Menezes, inseguro, até por já sentirem, dentro da CBF, sem nenhuma mudança bombástica de pessoas, a troca de influências antigas pelas operadas por Marin/Nero. Sanchez, aliás, quem sabe já pensando em sua difícil sobrevivência, não tem economizado críticas públicas, amenas, e privadas, pesadas, ao técnico da seleção. Os próximos meses prometem. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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