Índice geral Esporte
Esporte
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Juca Kfouri

Mania de juiz

Cada vez mais se discute o apito e a bola fica de lado. Por mais que o jogo tenha sido bom de se ver

Técnicos e TORCEDORES, no Brasil, não aceitam mais nenhum resultado de jogo. Quando o time deles não se dá bem, a culpa é da arbitragem.

E a moda não se limita mais aos jogos caseiros. Com a globalização do futebol e a resistência reacionária à arbitragem eletrônica, também os jogos pelo mundo afora que, em tese, seriam menos objeto de passionalismos, têm sido afetados.

Veja as análises do jogo entre Barcelona e Milan de anteontem também na imprensa.

Os catalães finalizaram simplesmente cinco vezes mais que os italianos (21 a 4). Lionel Messi perdeu dois gols com menos de dez minutos de partida. O Barcelona ficou 61% do tempo do jogo com a bola e, embora ninguém conteste sua superioridade e todos admitam que trata-se de um time que não precisa da ajuda, o que mais se falou foi sobre os dois pretensos erros de arbitragem nas marcações dos dois pênaltis.

O pior é que ambos existiram. O primeiro porque o toque de Antonini, ao cortar o passe de Xavi, equivaleu a um passe para Messi, o que, ao contrário de simples desvio, tirou-lhe o impedimento. O segundo porque se agarra-agarra fora da área é falta, dentro também é. E acusar um apitador de não agir como os que veem o pênalti e não o apitam, porque são ocorrências comuns, é simplesmente um despautério.

Repita-se que a arbitragem eletrônica auxiliaria a dirimir tais lances (não todos, é óbvio!) e que, para manter o espírito da gravidade de uma penalidade máxima, talvez o ideal fosse considerar pênalti apenas a falta que impeça claramente o gol e marcar tiro indireto nas demais. Mas isso não seria aumentar o poder do árbitro e de suas interpretações?

A verdade é que a frequência com que se esquecem os jogos, por mais palpitantes que tenham sido, para ficar no lenga-lenga da análise dos erros, que serão cada vez mais escancarados pelas câmeras de TV, está passando dos limites.

E parece que a hegemonia do futebol do Barcelona está incomodando a ponto de uma corrente cada vez maior querer ver o time catalão derrotado, o que é compreensível e do direito de cada um, naquela velha coisa de Davi e Golias.

Mas entre Barça, Real Madrid, Milan, Chelsea ou Bayern de Munique não existem Davis.

E a mania de ser juiz só deve valer mesmo para investigar se os erros são deliberados, como em tantos escândalos que já vimos no futebol.

Porque de resto é só chato, chororô de quem parece ter perdido o prazer do jogo.

blogdojuca@uol.com.br

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.