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Juca Kfouri

Caça ao craque

Na falta do que fazer, impotentes diante da violência, resta saber quem apanha mais

EMERSON LEÃO garante que Lucas apanha mais que Neymar. Os números desmentem a garantia, porque o extraordinário santista recebe o dobro das faltas recebidas pelo promissor são-paulino.

Leão dirá que não afirmou que Lucas recebe mais faltas que Neymar, mas que as sofridas pelo irregular menino tricolor são mais violentas que as recebidas pelo genial alvinegro praiano.

Na verdade a discussão é absurda e é sinal de que já não espera nada de quem deveria impedir a violência, única acusação da qual os árbitros pusilânimes não têm como se defender.

Note, aliás, que estes não aceitam uma cara feia de um jogador no quente do jogo, ciosos de sua au­toridade, mas são complacentes com a violência, verdadeiros cúmplices dela.

Enquanto Leão reclama, Muricy Ramalho se diz conformado e só reza para que ninguém quebre o melhor jogador brasileiro da atualidade, convencido de que não há mesmo outro meio de pará-lo, numa concessão à realidade: "É difícil pela maneira como ele joga. Temos que ser frios. Já joguei futebol, sei como é lá dentro".

Pobre, Neymar! Condenado a apanhar e nem mais o protesto de seu treinador ele tem para consolar, já que dos árbitros sabe que nada pode esperar.

Tamanho conformismo terá alguma relação com o fato de que quando o Santos enfrenta o São Paulo a ordem seja para chegar junto com Lucas?

E o que será que acontece quando o São Paulo enfrenta o Santos? Ninguém manda chegar junto com Neymar?

Porque não foram poucos os que em nome do pragmatismo, ou do realismo do futebol, seja na várzea ou seja na final da Copa do Mundo, atribuíram a derrota colorada para os santistas no primeiro jogo da Libertadores ao excesso de liberdade que se deu a Neymar.

E, como se sabe, Libertadores e liberdade para jogar não rimam.

Mas é claro! Uma pancada no meio de campo no começo das duas arrancadas que redundaram em dois gols dele na Vila Belmiro os teria impedido. E no Beira-Rio as pancadas ajudaram a impedir que Neymar marcasse, embora, na verdade, se uma delas poderia ter aleijado o fabuloso garoto e o alijado do futebol, quem mesmo impediu dois gols dele foi o goleiro Muriel, na bola, não na botinada.

Mas não faz mal. Jogo limpo é coisa dos românticos, dos politicamente corretos.

blogdojuca@uol.com.br

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