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Cartola cogita cancelar GP do Bahrein

F-1
Ecclestone começa a mudar de posição sobre realização da corrida

TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A XANGAI

A próxima etapa do Mundial acontece em Xangai neste domingo, mas a F-1 começou a desembarcar na China com a cabeça no fim de semana que vem, no Bahrein.

Após um chefe de equipe que não quis se identificar ter dito ao jornal inglês "Guardian" anteontem que as equipes temem ir ao país do Oriente Médio, pela primeira vez Bernie Ecclestone cogitou mudar sua posição sobre a realização da corrida.

"Se os times não querem ir, não podemos forçá-los", disse o detentor dos direitos comerciais da categoria e um dos maiores defensores da manutenção da prova, apesar de os protestos violentos contra o governo terem se intensificado no Bahrein.

Anteontem, sete policiais ficaram feridos após explosão de bomba caseira nas ruas da capital Manama.

"Não temos como dizer 'vocês têm que ir' apesar de isso consistir numa quebra do acordo que as equipes possuem com a gente", explicou o dirigente. "Comercialmente, eles têm de ir, mas são eles que vão decidir no final."

Segundo Ecclestone, a decisão de cancelar a corrida tem de ser tomada em conjunto entre a FIA, a organização e o governo bareinita.

Especula-se que um dos motivos para o dirigente insistir na realização do GP do dia 22 é o fato de que, se for ele quem pedir o cancelamento, terá de devolver o dinheiro pago pelo evento -cerca de € 30 milhões (aproximadamente R$ 73 milhões).

No ano passado, como foi a organização quem vetou a prova, que abriria o Mundial, o inglês ficou com o valor.

Tanto Ecclestone como Jean Todt, presidente da FIA, devem estar em Xangai neste fim de semana para, juntos com os times, tomarem uma decisão sobre o caso. Nos bastidores, comenta-se que 10 dos 12 chefes de escuderias são a favor do cancelamento da etapa bareinita.

Sem saber ainda se terão de ir ao Bahrein ou não, muitas equipes mandaram seus funcionários à China em voos com escala no Oriente Médio para facilitar uma possível troca de planos. Parte dos ferraristas, por exemplo, desembarcou ontem via Doha, no Qatar, que fica a menos de meia hora de Manama.

O temor dos times de que protestos violentos possam acontecer no final de semana da corrida recebeu ontem o respaldo de Nabeel Rajab, presidente do Centro de Direitos Humanos do Bahrein.

"Temos visto uma raiva crescente contra a F-1 no país, já que o esporte acabou virando um símbolo do regime político no Bahrein", disse Rajab à BBC. "Algumas pessoas pedem que se separe o esporte da política. Podemos fazer isso na Inglaterra, por exemplo, mas não num regime repressivo em que tudo fica a cargo de quem manda."

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