Índice geral Esporte
Esporte
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Acusado de matar torcedor em 2005 nunca foi preso

VIOLÊNCIA
Fuga, recursos e fila atrasam júri de crime em briga de torcidas

MARCEL RIZZO
DE SÃO PAULO

O principal suspeito de matar Diogo Lima Borges, 23, com um tiro em 16 de outubro de 2005 na estação de trem do Tatuapé, na zona leste, não passou um dia preso.

E não há data para que ele seja julgado pelo tribunal do júri, como determinou a Justiça em fevereiro de 2010.

O crime é mais um relacionado a briga entre membros de torcidas organizadas.

Fuga, recursos, fila para julgamentos e até a lei eleitoral fizeram com que Rodrigo de Azevedo Lopes Fonseca, atualmente com 27 anos, ainda não fosse julgado.

Fonseca era da Gaviões da Fiel e, segundo a denúncia do Ministério Público, atirou em Borges, associado da rival Mancha Alviverde, sem lhe dar direito de defesa.

Ele nega a autoria, mas vai a júri popular acusado de homicídio qualificado. Pode pegar de 12 a 20 anos de prisão.

Outras 14 pessoas foram denunciadas pelos crimes de lesão corporal e rixa, por participarem do confronto.

"Frustra um pouco a demora para que vá a julgamento e para que a sociedade tenha resposta", disse Raul de Godoy Filho, hoje procurador de Justiça e, na época, promotor que denunciou Fonseca.

PASSO A PASSO

Segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo não há data para que o julgamento seja marcado porque está na fase de recursos. Os réus presos também têm prioridade de ir a júri antes dos que estão em liberdade, caso de Fonseca.

Na sentença da juíza Juliana Guelfi, de 18 de fevereiro de 2010, ficou decidido que Fonseca poderia aguardar o julgamento livre porque não "obstruiu o ato processual".

"Eles não julgam ninguém. Mais pessoas vão morrer assim", disse Damarys Borges, 21, irmã de Diogo.

Com 15 anos na época do crime e pais separados desde os seis anos, ela disse que o irmão era sua referência.

"Eu vou ao fórum sempre e não há resposta sobre quando será o julgamento."

Identificado quatro dias depois do incidente por câmeras de segurança da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), Fonseca primeiro se beneficiou da lei eleitoral que veda prisões, que não sejam em flagrante, cinco dias antes e dois dias depois do pleito. Naquela época, houve referendo sobre o desarmamento.

Ele depôs pela primeira vez no dia 20 de outubro de 2005, três dias antes da votação.

Indiciado, ficou foragido por mais de dois anos, segundo seu advogado, após ter decretada a prisão preventiva. "Fizemos acordo para que ele se apresentasse, e a prisão foi revogada. Depois disso, toda vez que teve que comparecer e colaborar, ele esteve lá", disse Davi Gebara Neto.

Fonseca não quis dar entrevista. Eletricista em 2005, ele está formado em logística e tem uma empresa de transporte. Presta serviço, por exemplo, para seu advogado.

"É um trabalhador. Não usamos estratégia de recursos para adiar o julgamento. Queremos é ter todas as provas suficientes para que os jurados possam ter parâmetros para decidir", explicou. O crime prescreve em 2025.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.