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Glórias e memórias

Santos, de Pelé a Neymar, e antes deles, guarda como poucos as histórias de seus 100 anos

ADRIANO WILKSON
ENVIADO ESPECIAL A SANTOS

Guilherme Guache, 59, o funcionário responsável por catalogar dados sobre toda a história do Santos, atendeu ao telefone na Vila Belmiro.

"Alô, o Pelé fez dois gols de cabeça em um jogo em Santos na década de 1960, certo?", perguntou um homem sentado em uma mesa de bar.

"Eu preciso checar", respondeu Guache. O sujeito se explicou: "Eu acabei de apostar, tenho certeza desse dia".

Em alguns cliques, Guache percorreu suas tabelas com dados sobre todos os jogos do Santos e achou a informação.

O sujeito perdeu a aposta -duas garrafas de cerveja. O banco de dados de Guache mostrou de novo seu valor.

O episódio exemplifica a precisão e o alcance do departamento que guarda documentos e estatísticas que remontam à fundação do clube, em 14 abril de 1912.

Cem anos completados hoje. De uma história que revelou o maior jogador de todos os tempos e a maior estrela do futebol brasileiro atual: Pelé e Neymar. De dois Mundiais e três Libertadores, uma delas com sua nova geração.

O Santos é o clube grande brasileiro que melhores condições tem de contar sua própria história. Seu site tem informações que nenhum outro tem, recordes, santistas na seleção e lista dos gols.

Diferentemente da maioria dos rivais, o alvinegro digitalizou dados de súmulas e recortes de jornais antigos e paga uma pessoa para organizar e catalogar seu acervo.

O trabalho ajuda o clube a desnudar fatos obscuros, como um troféu com bola em ouro maciço perdido em cofre na Vila. Pesquisando a história, descobriram que foi um prêmio recebido após uma vitória sobre o Palmeiras na década de 60. Agora, está exposto no estádio.

O arquivo também faz o Santos ser palco de polêmicas historiográficas, como a nova cruzada travada por Guache contra o escudo azul. Segundo ele, o clube nunca ostentou o emblema dessa cor, que foi inventado por um jornal. Mas isso não impede que ele apareça em publicações oficiais da diretoria.

"Só porque o azul estava entre as primeiras cores do Santos, deduziram um escudo dessa cor", esbraveja.

Foi o Corinthians que fez renascer o departamento de história do time. Fanático, Guache chorou após o gol do corintiano Ricardinho que eliminou o time na semi do Paulista-2001. O gol decretou que o Santos teria mais tempo de fila -ficou sem vencer 21 edições do Estadual até sair do jejum em 2006.

"Cansei de ouvir que o Santos era pequeno e fui pesquisar o passado", diz Guache.

Revirou jornais velhos, empolgou-se e apresentou à direção um projeto. Hoje, as paredes do lugar contam a história com singeleza. Recorte do "A Tribuna", por exemplo, noticiava em 1956: "Contratou o Santos um moço que promete ser um 'crack'." Ao lado, caricatura tosca do "jovem Edson, apelidado Pelé".

Veja especial dos 100 anos do Santos
folha.com.br/1210411

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