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Del Nero manda em tudo, diz ex-cartola

CBF
Marco Antonio Teixeira, ex-secretário-geral e tio de Ricardo, afirma que paulista é o presidente de fato

SÉRGIO RANGEL
DO RIO

Secretário-geral da CBF nos últimos 20 anos, Marco Antonio Teixeira conhece como poucos os bastidores da entidade que manda no futebol brasileiro.

Demitido pelo sobrinho Ricardo Teixeira em janeiro, ele aponta o presidente da Federação Paulista de Futebol, Marco Polo Del Nero, como o dirigente mais poderoso da confederação atualmente.

De acordo com Marco Antonio, o paulista manda mais até do que o novo presidente, José Maria Marin, 79.

Oficialmente sem cargo na CBF, Del Nero, 71, é figura fácil nos corredores da entidade. Herdou a cadeira de Ricardo Teixeira no Comitê-Executivo da Fifa e quer o cargo de vice-presidente da Região Sudeste para garantir o primeiro lugar na linha sucessória da confederação. Vai disputar o assento com Zagallo, 80, ex-técnico da seleção brasileira e indicado pela federação do Rio.

"Ele tem carta branca para tudo na CBF. Nunca vi tanto poder concentrado em uma só pessoa", afirmou Marco Antonio Teixeira, que acredita ter sido demitido pelo sobrinho para "não atrapalhar o acordo político feito antes da renúncia", que entregou o poder a Del Nero.

Em menos de 30 dias, cinco funcionários da CBF ligados ao antigo secretário-geral também foram demitidos.

"Ele é o chefe de fato e está querendo tudo. Não tem nenhuma decisão na CBF que não passe por ele", disse.

O ex-secretário-geral não sabe explicar o motivo de Teixeira ter escolhido o presidente da Federação Paulista de Futebol para sucedê-lo.

Segundo ele, o poder de Del Nero é tamanho que o dirigente inspecionou nesta semana, ao lado de José Maria Marin, os locais de treinamento e concentração da seleção nos Jogos de Londres.

"Participei de seis Copas do Mundo, sendo três como comandante, e nunca vi um dirigente viajar para aprovar o campo. O Mano e o Andres [diretor de seleções] ficaram no Brasil. Ele [Del Nero] ainda fez questão de ter a sua foto estampada no site da entidade", afirmou o cartola.

Favorável à eleição de Zagallo para vice-presidente da Região Centro-Sul, Marco Antonio rejeita os argumentos de Del Nero de que o ex-técnico não tem experiência administrativa para o cargo.

"Na Copa no Brasil, o Zagallo pode ajudar muito. Sobre o Marco Polo, tenho minhas dúvidas. Ele fracassou em 2006. Quase ninguém lembra disso, mas ele era o chefe da delegação", disse Marco Antonio Teixeira.

"Dizem que houve problemas na concentração em Weggis [na Suíça, onde a seleção fez a pré-temporada]. Ele estava lá e não fez nada", afirmou o ex-secretário, que não influía mais na seleção em 2006. Ele assistiu à Copa ao lado do sobrinho em Berlim, com a cúpula da Fifa.

Sobre sua demissão, Marco Antonio Teixeira, que teve o seu poder esvaziado antes do Mundial da Alemanha, disse que ficou decepcionado com o sobrinho.

"Ele me chamou na casa dele e disse que queria cuidar da saúde, que a família estava cobrando sua saída. Falou que achava que a seleção não ia ganhar a Copa. Por isso tudo, ele disse que não queria nenhum parente lá depois da sua renúncia", contou.

"Aceitei, mas ele não me convenceu. Sei que foi uma decisão para ajudar o Marco Polo. Fui o único que deixei a CBF. O irmão dele [Guilherme Teixeira] continua lá."

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