Pressão

Ecoa no Morumbi um grito de "burro" lançado por 17 mil vozes contra o técnico Muricy Ramalho. Ele está impotente na lateral do campo.

Irritado, o goleiro Rogério tira sua medalha de prata do peito e atira seu prêmio de vice-campeão para a torcida.

Um 2 a 2 com sabor de derrota para o Boca Juniors selou a melancólica participação do São Paulo na Recopa sul-americana de 2006. Foi a última vez que o torcedor tricolor viu seu time jogar uma final de torneio mata-mata.

Nenhuma torcida de clube grande do país está há tanto tempo longe de finalíssimas.

A história impõe ao clássico de hoje contra o Santos uma pressão a mais para os jogadores do São Paulo. Vitória garante vaga na final do Paulista. O jogo será às 16h.

A expectativa é que o Morumbi fique cheio, como não esteve naquele longínquo setembro de 2006. Naquele ano, o São Paulo jogou duas finais e perdeu ambas. No Estadual por pontos corridos, perdeu o título para o Santos na última rodada do torneio.

Desde então, o time do Morumbi foi campeão só por pontos corridos do Brasileiro -o último na já distante temporada de 2008.

E o Santos se acostumou a ser a grande pedra no sapato são-paulino. Hoje será a terceira vez seguida que a equipe da Vila enfrenta o tricolor na semifinal do Paulista. Já venceu as duas anteriores.

Há exatamente um ano, o São Paulo começava muito bem a semifinal do campeonato, mas a astúcia de Muricy no intervalo fez o jogo mudar.

Ele trocou o esquema de jogo, o Santos venceu por 2 a 0 e se tornou campeão do torneio duas semanas depois.

Curiosamente, o time do litoral virou o reflexo invertido do rival de hoje: acostumou-se a disputar finais.

Desde 2009, foram seis decisões jogadas, entre Copa do Brasil, Estadual, Libertadores e Mundial de Clubes.

Nessas partidas, o Santos amealhou quatro títulos. Só perdeu para o Corinthians, no Paulista de 2009, e para o Barcelona, no ano passado.

A ausência em finais e a carência de títulos tornam o clássico de hoje bem mais importante para o São Paulo do que para seu rival. Tanto que o time de Emerson Leão fez questão de adiar um jogo no meio de semana para não ter problemas contra o Santos.

Por causa de uma chuva forte, a partida contra a Ponte Preta pela Copa do Brasil ficou para quarta. O Santos lamentou o fato de o adversário ter tido a semana inteira de descanso. Mas Muricy afirmou ter esperança de que sua equipe vai superar o desgaste e conseguir se impor.

No ano passado, ele vivia um dilema: não sabia se escalaria os titulares no clássico, já que o time teria que estar em campo pela Libertadores alguns dias depois.

Acabou colocando suas estrelas, e elas foram fundamentais para a vitória. Elano e Ganso fizeram os gols.

Hoje, Muricy não tem dúvidas: vai escalar o que de melhor tem no elenco.