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Edgard Alves

Incentivo a mais

Dwyane Wade retoma polêmica se atletas devem receber dinheiro para competir na Olimpíada

Provocou ruído uma declaração de Dwyane Wade, ala-armador do Miami, reivindicando que os jogadores da NBA que integrarem o time dos EUA na Olimpíada de Londres, em julho, deveriam ser recompensados financeiramente. Ele voltou atrás dias depois, mas a manifestação já fazia eco, com questionamentos sobre se atletas têm direito de embolsar esse tipo de incentivo. É um conflito de argumentos, levando-se em conta que, na recriação dos Jogos na era moderna, em 1896, o seu idealizador, o educador francês Pierre de Frédy, o barão de Coubertin, batalhou pela tese de que o importante não é vencer, mas sim participar, máxima por si própria polêmica.

Apesar disso, o espírito amador resistiu no movimento olímpico por quase um século, abrindo suas portas ao profissionalismo no início dos anos 80, com o advento do patrocínio esportivo e a aceitação de atletas profissionais. O ponto alto nessa escalada foi a participação em Barcelona-1992 do Dream Team, a seleção de basquete dos EUA, integrada por jogadores da NBA, a milionária liga profissional. Lá estavam alguns dos astros mais bem pagos do planeta, como Jordan, Bird e Magic Johnson.

As justificativas para participar dos Jogos têm motivações diversas. Recentemente, palestinas alegaram que estar na Olimpíada eleva o nome da Palestina e serve de mensagem para os líderes que cometem crimes contra aquela nação. Mulheres do Afeganistão, que lutam contra restrições no cotidiano, veem a chance de dizer ao mundo que elas também podem progredir, afirmou uma pugilista.

A manifestação de Wade se deparou com conflitos na própria NBA. Para alguns, as altas somas que os Jogos movimentam já seriam motivo para generosas premiações. Outros discordam, como LeBron James, que valoriza o fato de ser selecionado. Para o brasileiro Varejão, que também atua na NBA, a Olimpíada é um sonho.

No Brasil, o incentivo financeiro parte das confederações. O judô acaba de anunciar prêmio de R$ 1 milhão a medalhistas e outro milhão a ser repartido pela equipe. No Rio, em 2016, golfe e rúgbi retornam ao programa, valorizando esportes profissionais, especialmente o golfe, no qual as altas premiações colocam seus jogadores entre os mais invejados no mundo.

As relações humanas, a manifestação de amizade e congraçamento entre os povos, preceitos dos Jogos, continuam vivos, mas os tempos mudaram. Os atletas tentam ser de ferro, e perfeitos, mas são de carne e osso. E desconheço caso de recusa mesmo a um caraminguá.

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