Índice geral Esporte
Esporte
Texto Anterior | Índice | Comunicar Erros

Rodrigo Bueno

Tudo é relativo

Decisão da Liga Europa é momento de glória e consolação para times 'marginalizados'

EINSTEIN, AO que parece, descobriu que tudo é relativo. Mas não é preciso ser um gênio para relativizar as coisas do futebol. A final da Liga Europa pode ser um épico acontecimento ou um triste choque de realidade. Depende de como clubes, torcedores e críticos a enxergam.

A final entre Atlético e Athletic pinta para alguns como uma grande (?*) vitória do futebol espanhol, aquele cujo terceiro colocado está 29 pontos atrás do vice Barcelona, aquele cujo quinto colocado, esse Atlético, está distante 44 pontos do rival Real, que deve terminar a Liga com incríveis (?!) cem pontos, praticamente o dobro do mediano Athletic (49 pontos, 49 gols pró, 49 gols contra).

Desde a temporada 2004/2005, só uma equipe fora Barça e Real conseguiu acabar no G2 do Espanhol: o Villarreal-2008, incomum vice. O Málaga, após dois anos de injeções de dinheiro do xeque Abdullah ben Nasser Al Thani, conseguirá (quase certamente) uma vaga na Copa dos Campeões e "só" (tudo é relativo).

Apenas quando os dois gigantes gatos da Espanha não estão por perto (ou estão com atenções voltadas para outro lado) é que os ratinhos do país campeão mundial podem fazer alguma festa. O clássico (?#) Atlético x Real virou a maior barbada do século, e o copeiro Athletic (23 títulos da Copa do Rei) não ganha a copa nacional desde 1984 (depois disso, chegou a só duas finais).

Os colchoneros têm em seu elenco vários jogadores, como Antonio López, Domínguez, Paulo Assunção, Perea e Salvio, que já venceram a Liga Europa há dois anos. Nenhum deles é craque, são apenas bons jogadores que encontram brilho num torneio secundário. O ex-santista Diego integra esse time: levou o Werder Bremen à final da Copa da Uefa em 2009 e agora é rei das assistências (6) na Liga Europa. A Champions League é uma outra realidade para todos esses.

Ou "Loco" Bielsa ou "Cholo" Simeone conquistará a Europa (B... tudo é relativo) em sua primeira temporada à frente do atual time. Algo que André-Villas Boas (o novo Mourinho que já quebrou a cara) conseguiu ano passado com o Porto, numa final com o Braga, que não fez do Português a melhor liga do universo. É verdade que Felipão e "Luxe" fracassaram na rica elite da Europa, e é verdade que os técnicos argentinos triunfam bem mais que os brasileiros no velho continente (Luis Carniglia e Helenio Herrera ganharam a Copa dos Campeões com Real e Inter, respectivamente, e Di Stéfano faturou a Recopa com o Valencia).

Relativizar é uma maravilha. Ou o contrário.

rodrigo.bueno@grupofolha.com.br

Texto Anterior | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.