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Viagem para ver Maldonado se torna febre na Venezuela

F-1
Bancado por governo Chávez, piloto da Williams une políticos do país

FLÁVIA MARREIRO
DE SÃO PAULO

"Dólares socialistas para ver um esporte elitista em Mônaco" era a chamada do site humorístico venezuelano Chiguiri Bipolar nesta semana para ironizar a mais nova ação do governo Hugo Chávez para promover seu afilhado na F-1, Pastor Maldonado.

Eufórico com a vitória no GP da Espanha, a primeira de um venezuelano na categoria, o governo montou pacotes promocionais por meio da agência estatal de viagens, a Venetur, para ver a prova de amanhã -a definição do grid acontece hoje, a partir das 9h.

Esgotou. Pudera, comprar passagens em moeda local e conseguir os cobiçados dólares oficiais -metade da cotação que se consegue no mercado negro- para ir à Europa é um sonho em Caracas.

O ar de desforra depois do triunfo -não só para Maldonado, que até então era visto como o "café com leite" que comprou uma vaga na Williams- está por todos os lados.

Ministros e jornalistas oficiais exultaram. Finalmente era hora de responder às críticas ouvidas por meses acerca do patrocínio da estatal petroleira PDVSA ao piloto. O valor, não revelado, não é menos que US$ 15 milhões.

Já estava, inclusive, tudo pronto para tal. No dia seguinte à vitória, Maldonado foi ao ar num spot televisivo para o Banco de Venezuela, o maior do país e estatal.

"Hoje celebramos as vitórias dos que lutam, dos que não se rendem, dos que saem às ruas para buscar seu futuro", dizia o narrador enquanto Maldonado posava para fotos. "Essa celebração é para você. Por suas vitórias, a de todos dias, a de todos os venezuelanos", encerra a peça.

Garoto-propaganda de estatais e de campanhas educativas no metrô e na TV, Maldonado era motivo de quase chacota na redes sociais e na imprensa esportiva até então.

Tanto Chávez como o candidato da oposição à Presidência, Henrique Capriles, felicitaram o piloto. Mas a pretensa união do país em torno de Maldonado, visto em fotos com uma das filhas de Chávez, parou por aí.

Num jornal, um ex-líder estudantil chamou de imbecis os que torciam por ele, para gozo dos chavistas que riam dos "amargurados esquálidos", nome pejorativo dado por Chávez a opositores.

O exagero foi tanto que o ministro do Turismo, Alejandro Flemming, veio a público dizer que Maldonado provocou aumento da afluência de turistas europeus nos primeiros quatro meses de 2012.

Se for verdade, ele vai precisar de várias outras vitórias para melhorar o recorde do país no assunto. A Venezuela só recebeu mais visitantes estrangeiros que o Paraguai na região, segundo a Organização Mundial do Turismo.

NA TV
Treino de classificação para o GP de Mônaco
9h Globo

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