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Juca Kfouri

O umbigo de Ronaldinho

Ninguém tem mesmo nada a ver com o que se faz fora de campo. Só com o que não se faz dentro

RONALDINHO GALUCHO divide opiniões na imprensa, embora tenha sido rejeitado em sondagem feita com as torcidas de todos os times do país.

Não espanta, porque somos um país mais para o conservador.

Posições liberais e, principalmente, as libertárias, como as da Democracia Corinthiana, são bem-vindas neste espaço, mas o paternalismo que caracteriza as relações entre os clubes e seus jogadores, não. Doutor Sócrates dava a cara a tapa.

Fosse Ronaldinho um Romário, que jamais escondeu a contrariedade em relação às concentrações e sua paixão pela noite, e a contratação pelo Galo seria, aqui, aplaudida de pé.

Acontece que o gaúcho que já foi o número um do mundo é incapaz de tomar uma atitude pública em defesa da liberação dos costumes pré-históricos que assolam nosso futebol.

Ele pensa apenas nele e mente.

Despudoradamente.

Nega, em pronunciamentos patéticos, o óbvio, e em vez de dizer que passar a noite com uma mulher é mais saudável que em sítios pornográficos com sexo virtual e solitário.

Já dizia o filósofo Walter Casagrande Júnior que sexo não atrapalha nem antes, nem depois do jogo, só durante.

Romário, num período em que andava infeliz na convidativa Barcelona, em 1994, justificou para seu técnico a tristeza que o atrapalhava pela proibição de frequentar a noite catalã, patrulhado que era pelos torcedores culés.

Conseguiu a liberação para se comportar como achasse melhor e, na mesma semana do acordo, não deixou por menos ao enfiar três gols no Real Madrid, no Camp Nou.

O nome do treinador? O exigente Johann Cruyff.

Ronaldinho prefere negar, prefere mentir, prefere dizer que passou a noite conversando com a garota que encontrou na concentração do Flamengo, clube que ao contratá-lo sabia quem estava trazendo e que deve arcar com o que não cumpriu na Justiça.

Nada é mais injusto que tratar igualmente os desiguais, e R10 é diferenciado. Tanto que foi eleito para a seleção do Brasileirão passado, o que, em tese, justificaria a aventura mineira. Mas e depois?

Certo está o genial Jorge Ben Jor que, profético, compôs Engenho de Dentro, o bairro que abriga o Engenhão, ao alertar que "O tiranossauro rex mandou avisar que pra acabar com a malandragem tem que prender e comer todos os otários...".

blogdojuca@uol.com.br

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