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Consultor do COB condena longevidade

2012 Idealizador do Crystal Palace, americano critica cartolas do Brasil

MARIANA BASTOS
ENVIADA ESPECIAL A LONDRES

O americano Steve Roush mal sabe falar português, mas conhece bem o funcionamento do sistema esportivo de alto rendimento do Brasil.

Há três anos, presta consultoria ao COB (Comitê Olímpico Brasileiro). Sua meta é levar o país top 10 do quadro de medalhas dos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016.

O ex-dirigente do Comitê Olímpico dos EUA diz enfrentar muitos desafios. Um dos maiores é promover mudanças políticas e de mentalidade num sistema que é contaminado pela quase perpetuação dos presidentes de confederações em seus cargos.

"Algumas confederações são governadas pela mesma pessoa durante um longo período de tempo. É quase uma operação familiar. É um problema infundir novas ideias, um novo gerenciamento", disse Roush ontem no Crystal Palace, ao sul de Londres.

O local foi escolhido por ele para ser o primeiro centro de treinamento exclusivo para o Brasil numa Olimpíada.

"Se você fizer a mesma coisa sempre e esperar melhorar sem mudar nada, só vai estar enganando a si mesmo", completou o americano, que não comentou sobre seu chefe no Brasil, Carlos Arthur Nuzman, que preside o comitê nacional há 17 anos.

Roush já criou dois projetos em curso para melhorar o gerenciamento do esporte olímpico brasileiro. O primeiro se foca em dar qualificação para os futuros dirigentes.

"Uma das minhas preocupações quando cheguei foi construir um pool de potenciais futuros líderes para as confederações", afirmou.

Além disso, o consultor americano tem colhido com as federações internacionais exemplos de gestão para aplicar nas confederações.

META PARA LONDRES

Roush defendeu a meta estabelecida pelo COB para os Jogos de Londres: conquistar 15 medalhas, o mesmo número obtido em Pequim-2008.

Para ele, é um bom objetivo, mesmo considerando o fato de o esporte olímpico do Brasil ter recebido o maior investimento de sua história neste último ciclo olímpico.

"Espero que todos permaneçam pacientes e não tenham grande expectativa aqui para não haver decepção. A meta de medalhas é alcançável, mas a real medida será dada pelo número de finais", disse Roush, que quer o Brasil em mais do que as 41 decisões de quatro anos atrás.

"Se esse número permanecer o mesmo, aí sim será muito desapontador, porque é esse o número que vai nos manter positivos para alcançarmos nossa meta para 2016."

Para Londres, Roush espera avanços em esportes em que o Brasil não tem grande tradição. Seu objetivo é criar uma base para chegar em 2016 com chances de pódio em novas modalidades.

"Criamos oportunidades em algumas modalidades como boxe, lutas e tiro com arco. Não esperamos medalha para agora, mas para 2016."

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