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Juca Kfouri Distintos cartolas É preciso saber distinguir as diferenças entre as espécies que compõem a cartolagem JOSEPH BLATTER não é igual a João Havelange, pois é mais parecido com José Maria Marin, que, por sua vez, não é igual a Ricardo Teixeira, mais parecido com João Havelange. Blatter gosta de futebol, como Marin. Havelange e Teixeira não. O que aproxima Marin de Havelange é que, ao contrário de Teixeira, ambos têm como política não acionar jornalistas na Justiça, convencidos de que se o fizerem criarão inimigos até o fim de seus dias, algo que Teixeira não seguiu, ao contrário. No que, vai ver, teve razão, porque a complacência de Havelange e Marin não os livrou da mira da imprensa independente e, já que é mesmo para apanhar, ao menos, que também se bata. Ainda mais que o pagamento dos advogados sempre ficou por conta da CBF. Mas Teixeira e Havelange e Marin e Blatter gostam muito de poder e de dinheiro, não necessariamente nesta ordem. São homens distintos, no sentido de diferentes, aqui e ali. E iguais ali e aqui. Se Marin e Blatter têm em comum o gosto pela bola, Teixeira e Havelange têm juntos uma aprendiz de cartola que trabalha regiamente paga no Comitê Organizador Local da Copa do Mundo no Brasil. E que lá continua impávida e colosso apesar do terremoto que abala os dois sobrenomes que carrega, sem currículo que justifique a função nem o salário. Joana Teixeira Havelange faz cara de paisagem enquanto a sociedade brasileira espera mudanças. Mudanças no nome dos estádios do Engenhão e do Parque do Sabiá, porque nada justifica que João Havelange continue sendo homenageado. A menos que se mude o nome do Mané Garrincha, em Brasília, para Agnelão; o do Serra Dourada, de Goiânia, para Pirillão; e, quem sabe, o de Itaquera para Mensalão -e o do Maracanã para Cabralzão. As nossas coisas, as coisas nossas, haveremos de resolver por aqui, cobrando que o Ministério Público e a Receita federais se manifestem sobre o relatório da Justiça suíça sobre os dois cartolões nacionais. Porque Blatter, bem, Blatter já está sendo tratado com a indignação que merece pela Comunidade Europeia e parece que simplesmente tirar do Qatar a Copa de 2022 e Havelange da Fifa será pouco. Será preciso, também, que ele se retire. Para que a Fifa, a exemplo do que fez o COI pós-Juan Samaranch, comece a ter uma cara minimamente limpa. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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