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Juca Kfouri

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O equívoco de Dilma

A meta brasileira não pode ser ganhar medalhas e nem a de forçar a nossa natureza

A PRESIDENTA Dilma Rousseff repetiu em Londres um erro comum de quem olha superficialmente para a atividade esportiva.

Em vez de olhar para o esporte como fator de saúde, a mais alta autoridade do país mirou-o apenas como fator de sucesso competitivo, jeito pobre de o conceber.

A preocupação de seu governo deve ser com a democratização do acesso à prática esportiva pela maioria dos brasileiros, e não, neste momento, com subidas ao pódio, por mais que as vitórias tenham o condão de estimular a atividade. Pensar assim, como a rainha da Inglaterra pode pensar há décadas, é botar a carruagem à frente dos corcéis. E tão ruim quanto é a recorrente conversa em estimular a adoção de esportes individuais como meio de acumular mais ouros, pratas e bronzes, num atentado à cultura esportiva nacional, muito mais próxima dos esportes coletivos.

Ora, o que temos a ver com badminton, esgrima, halterofilismo, tiro com arco etc, com todo respeito aos esportes citados e aos seus aficionados?

Alguém imagina o ginásio do Maracanãzinho num coro de "força!, força!" para um brutamontes patrício levantar 500 quilos entre o arranque e o arremesso? A antiga URSS fazia assim, como faz hoje a China e, francamente, eis aí métodos que não precisamos imitar. Muito melhor será ter política para massificar o esporte e da quantidade tirar qualidade, quase naturalmente. O PT mesmo tem quadros especializados que poderiam ampliar e oxigenar a visão da presidenta.

TRISTEZA

O mal de Parkinson atinge cerca de 6 milhões de pessoas pelo mundo afora, e a porcentagem de ex-pugilistas que sofrem com a doença neste contingente é desprezível.

Mas, embora não se prove ainda causa e efeito entre eles, é preocupante o número de ex-praticantes de boxe com Parkinson ou Alzheimer, doenças que têm a ver com a morte de neurônios.

Socos do pescoço para cima matam neurônios e, enquanto o nosso Maguila padece solitariamente com Alzheimer, Muhammad Ali, o maior personagem da história do boxe mundial, talvez, também, o melhor de todos os tempos, com Parkinson, foi a nota angustiante da cerimônia de abertura dos Jogos de Londres.

SEGURANÇA

O exagero com a segurança é tamanho que cada jornalista que chega ao centro de imprensa recebe uma mochila com guias da cidade e dos Jogos, além de um brinde de um dos patrocinadores, um pequeno tubo de gel para fazer a barba.

Eis que o mimo é confiscado pela revista na Vila Olímpica, onde está o centro de imprensa. Não faltariam piadas se fosse Lisboa-2012.

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