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Kitadai leva bronze com dente lascado e aposta de João Derly

JUDÔBrasileiro agradece a bicampeão mundial que o hospedou em sua casa para conseguir treinar no Sul

DO ENVIADO A LONDRES

Um dente lascado. Foi o preço que Felipe Kitadai pagou para comemorar seu aniversário de 23 anos, ontem, com uma medalha olímpica como "presente".

"Não quebrei o dente, só lascou", disse o judoca, que conquistou o bronze na categoria ligeiro (até 60 quilos).

No Pan de Guadalajara, Kitadai enfrentara outro incidente: defecou no quimono durante um de seus combates. Mesmo assim, ganhou a luta. E depois ainda conquistou a medalha de ouro.

Em êxtase, enquanto se dirigia ao vestiário após a conquista, o brasileiro repetia em voz alta, "não acredito, não acredito, não acredito".

Ao mesmo tempo, observava parentes balançando a bandeira nacional. Gritavam "parabéns para você" e perguntavam: "Ele quebrou o dente?". Qualquer coisa era motivo para festa. Até quando tudo parecia perdido.

Foi assim quando foi derrotado nas quartas de final por ippon, golpe máximo do judô, para o favorito Rishod Sobirov, primeiro do ranking e que o havia tirado do Mundial de Paris, em 2011.

Mesmo com o resultado negativo, Gabriel, seu irmão, embrulhou-se em uma bandeira do Brasil e caminhou em direção às lanchonetes para comer. Sorrindo, demonstrava otimismo com as chances do irmão de obter medalha. Afinal, ainda ocorreria a repescagem e a chance de pelo menos um bronze.

Inspirado pela presença de sua família, Kitadai conseguiu derrotar o coreano Choi Gwang-hyeon.

"Nessas duas últimas lutas, ganhei pela vontade. A diferença foi a força de vontade, a confiança que muitos depositaram em mim", disse o judoca brasileiro.

Na decisão do bronze, o italiano Elio Verde não foi páreo para o brasileiro, que há cerca de três anos se mudou para Porto Alegre para treinar na Sogipa, uma das principais forças do judô nacional, a convite de João Derly, bicampeão mundial de judô.

"Brinco que ele [João Derly] é como meu pai. Ele acreditou em mim, me deixou morar um tempo na casa dele", lembrou o judoca.

Na Sogipa, Kitadai divide o técnico Kiko com a número um do mundo na categoria até 78 quilos, Mayra Aguiar.

A lista de agradecimentos inclui o técnico da seleção Luiz Shinohara e o "sensei Garcia", do Projeto Futuro, que o incentivou a "fazer o que fosse melhor" para ele.

Apesar de ser estreante em Jogos Olímpicos, Kitadai tinha pretensões ambiciosas.

"Qualquer coisa abaixo de medalha para mim seria uma decepção", revelou.

"Para os Jogos de 2016, no Rio, a meta é o ouro."

Fortemente emocionado, ao conversar com jornalistas, dizia que tudo estava ainda "embaçado com lágrimas".

"É difícil explicar com palavras o que eu sinto. É a realização do sonho de uma vida. É surreal", resumiu ele.

(EDUARDO OHATA)

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