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Juca Kfouri

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Vitória animadora

Pato poderá contar daqui a algum tempo que fez um gol no Old Trafford, como Romário

O VELHO Old Trafford, com o perdão por já começar redundando, é aquele estádio que todos torcedores pedem aos arquitetos.

Nem do Pacaembu vê-se o jogo tão bem, de tão perto, como no estádio que nasceu ao mesmo tempo que o Corinthians, em 1910, foi bombardeado na Segunda Guerra e fechou por quase uma década.

Respira-se a liturgia do futebol ainda antes de se entrar nele, pela Sir Matt Busby Way, o lendário técnico que levou o Manchester United a tomar conta do futebol europeu -como se a avenida que leva ao Morumbi se chamasse Telê Santana.

Com capacidade para 76 mil torcedores, o Old Trafford é um dinossauro verde, jamais um elefante branco, e certamente as arenas palmeirense e corintiana não terão sua imponência que faz reverência ao jogo nem daqui a 102 anos.

Como nenhuma delas poderá ter setor de arquibancadas em homenagem a um treinador, no clube há mais de um quarto de século, outro sir, Alex Ferguson, em letras vermelhas e garrafais no seu "stand" inaugurado no ano passado.

Pois foi nesse cenário, tomado por brasileiros (talvez metade dos 66 mil presentes), que Belarus, em linda jogada iniciada por surpreendente virada de jogo da esquerda para a direita, assustou a seleção, saindo na frente no sétimo minuto.

Só não foi tão assustador como as quedas dos irmãos Hypólito porque, sete minutos depois, em jogada igualmente perfeita, Neymar pôs a bola na cabeça do vibrante Alexandre Pato, que empatou.

Pato poderá contar daqui a algum tempo que fez um gol no Old Trafford, como Romário, que ao ser indagado pelo companheiro Martín Fernandez se conhecia o estádio, respondeu a seu modo: "Joguei aqui pelo Barcelona contra o Manchester. Fiz um golzinho, para variar...".

Mas ele não está gostando nada do torneio olímpico de futebol, embora aposte no Brasil: "Os outros estão piores".

De fato, Marcelo continuou sendo tão talentoso como taticamente irresponsável, verdadeira avenida bem explorada pelos bielorrussos que também não são mais bobos no futebol, embora estejam 66 posições atrás do Brasil no ranking da Fifa, em 77º lugar.

Num gramado obviamente impecável, o segundo tempo mostrou a seleção brasileira com pegada mais agressiva e com Oscar chamando o jogo para si até virar na linda cobrança de falta de Neymar, como se fosse Marcelinho Huertas, de chuá.

Adiante no placar, o time passou a valorizar mais a bola, trocando passes com inteligência, até culminar no gol que o Old Trafford merecia -numa tabelinha entre Neymar, de calcanhar, e Oscar, que além de fácil de rimar é digna de se aclamar.

A seleção progride. Que siga nesta toada.

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