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Pela 1ª vez, melhor do mundo é negra

GINÁSTICA
Campeã também por equipes, Gabrielle Douglas, dos Estados Unidos, vence o individual geral

RODRIGO MATTOS
ENVIADO ESPECIAL A LONDRES

O técnico do time feminino de ginástica dos EUA, Liang Chow, mandou que sua pupila Gabrielle Douglas, 16, não olhasse para o placar eletrônico com as notas na final do individual geral.

Adolescente, ela não obedeceu. "Eu olhava para cima e pensava: 'Olha onde eu estou!'. E Chow me dizendo para olhar para baixo", relatou.

Ele não a queria nervosa por estar no topo. Gabrielle se tornou a primeira garota negra a se consagrar como a maior ginasta do mundo.

Um feito em um esporte dominado por atletas do Leste Europeu, chinesas e americanas brancas. Dominique Dawes, outra negra dos EUA, levou ouro por equipe em 1996.

Gabrielle é ainda a primeira norte-americana a vencer a competição coletiva e a individual nos mesmos Jogos.

Uma conquista que ela descreve com um adolescente "amazing" (fantástico).

"Dizem que eu sou a primeira [afro-americana]. Eu tinha esquecido disso. É uma honra", disse, rindo.

Eram os risos e distrações de Gabrielle que os técnicos norte-americanos queriam conter para mantê-la focada.

Ela não procurou a família na arena, mas sorriu quase o tempo inteiro. Foi assim, por exemplo, quando completou o salto sobre o cavalo com uma aterrissagem perfeita.

Assumiu a ponta. Sua adversária, já ficava claro, seria a russa Victoria Komova.

A partir daí, o público passou a gritar "go, Gabby" (vai, Gabby) a cada vez que ela se dirigia a um aparelho.

Não cometeu erros nas barras assimétricas. Mas teve um início relutante na trave e quase caiu. Recuperou-se e deu giro de corpo espetacular, parando sem hesitação.

A trilha do solo era a música "We speak no americano", eletrônica misturada com balanço latino. Gabrielle requebrou a cintura e as mãos.

E deu seguidos saltos para justificar seu apelido de "esquilo voador". Em um momento, quase escapou do tablado, o que lhe custaria o título. Mas um salto a salvou.

Faltava a rival Komova. Que foi melhor que a americana no solo. A espera da nota foi silenciosa. "Foi muito difícil", disse a ginasta.

Mas a atuação da russa não foi o suficiente para alcançar a pontuação geral de Gabrielle, 62,232, mais de dois décimos à frente da adversária.

Formador de campeãs olímpicas, Chow foi sincero ao dizer que, quando conheceu a ginasta, aos 14 anos, não acreditava que ela poderia ser campeã olímpica. Sozinha, ela se mudou para Iowa para ser treinada por ele.

"Há cinco meses, era uma ginasta boa e média", afirmou Marta Karolyi, técnica-chefe da ginástica dos EUA.

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