Dream Team coloca adversários de hoje em encruzilhada

Depois de imitar o basquete argentino em forma, métodos e conteúdo, a seleção masculina recorre agora à memória dos vizinhos para vencer seu maior desafio até o momento em Londres.

O Brasil joga com a Espanha, no encerramento da primeira fase da Olimpíada. O vencedor terá ônus e bônus.

O prêmio será a segunda colocação no Grupo B, atrás apenas da Rússia, que hoje enfrenta Austrália, já batida por espanhóis e brasileiros. Assim, terá o direito de enfrentar o terceiro colocado do Grupo A, um rival teoricamente mais fraco nas quartas de final, na quarta-feira.

O ônus é o chaveamento do mata-mata. O segundo lugar do B entra no caminho de um possível confronto de semifinal contra o primeiro colocado do Grupo A, cujo favorito absoluto é o Dream Team, a seleção masculina dos EUA.

França, Argentina e Lituânia decidem hoje em que posição avançarão às quartas.

A imprensa espanhola insinua que pode haver uma armação para fugir do embate com os EUA antes da decisão.

Questionado por jornalistas espanhóis sobre se ficaria triste se perdesse hoje, o pivô Anderson Varejão rebateu. "Que pergunta é essa? Se vou ficar triste? É claro que sim."

"Já vi muito no esporte: entregar um jogo aqui para pegar outro lá. Nunca fiz, e não me pediram. Tenho certeza de que, pela mentalidade do Magnano, não acontecerá", disse Marcelinho Machado.

É neste ponto que a seleção brasileira evoca o histórico recente dos argentinos.

"Aconteceu em 2002 e em 2004. A Argentina cruzou duas vezes com os Estados Unidos em Mundial e Olimpíada e ganhou as duas. Ninguém acreditava nisso, só a gente. São coisas que eu vivi", comentou o argentino Rubén Magnano, técnico do Brasil.

No Mundial-2002, em Indianápolis, os argentinos tinham de perder para a Nova Zelândia para evitar os EUA, com astros da NBA como Reggie Miller e Paul Pierce, na segunda fase. Mas venceram por 27 pontos. Acabaram cruzando com os americanos e os derrotaram por 87 a 80.

Foi o primeiro revés de uma seleção americana composta por jogadores da NBA em competição oficial.

Dois anos mais tarde, na Olimpíada de Atenas-2004, a Argentina tinha de vencer a Itália ainda na primeira fase para não reencontrar os Estados Unidos em uma futura semifinal. Mas perdeu por um ponto, avançou até a semifinal, cruzou com o Dream Team e mais uma vez o bateu.

Coincidentemente, nas duas oportunidades, a Argentina era dirigida pelo atual comandante do time brasileiro.