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Juca Kfouri

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Phelps ou Bolt?

O americano é o maior atleta olímpico da história. O jamaicano é o personagem de 2012

MICHAEL PHELPS com suas 22 medalhas, 18 de ouro, saiu das piscinas de Atenas, Pequim e Londres como o maior atleta da história da Olimpíada. O maior, não necessariamente o melhor, tal é a dificuldade em comparar quem nada com quem corre, joga basquete, tênis ou futebol.

Phelps deixou a Inglaterra com seis medalhas, quatro de ouro e duas de prata, ganhas em sete provas.

Nada mal, de fato, embora pior que os oito ouros de Pequim e que os seis ouros e dois bronzes de Atenas, sinal de que já estava mesmo na hora de ele, aos 27 anos, se aposentar...

Usain Bolt, um ano mais moço, não tem nem jamais terá tantas medalhas. Com o duplo duplo inédito que fez agora nos 100 e 200 m rasos, ganhou apenas quatro ouros, além de outro, no revezamento 4x100 m, conquistado na China.

Bolt é também recordista mundial nessas três provas, mas não é isso, ou melhor, não se restringe a isso o que faz dele o maior, e o melhor, personagem desta Olimpíada.

Bolt simplesmente nasceu para brilhar. Midiático como ele jamais se viu, nem mesmo Muhammad Ali, que tinha uma causa política e religiosa para difundir. O jamaicano não defende ideia alguma, é o chamado homem show, a graça pela graça, a exposição como um fim em si mesmo, na fronteira de ficar excessivo, mas sem ultrapassá-la.

Perto dele, o gigantesco nadador americano é um opaco, Diego Maradona, um perdido, Pelé, sobrevivente, e Michael Jordan, fenômeno bem comportado.

Ninguém resiste a Bolt e à Jamaica, que, apenas 50 anos depois de ter se libertado do Reino Unido, vê a Grã-Bretanha literalmente aos seus pés, apaixonada pela esfuziante magia do doce, e veloz, Caribe.

SÁBADO DOURADO

Tudo o que você leu acima é o que o colunista pensa, mas é mero disfarce, tentativa inútil de segurar a ansiedade diante das duas decisões de logo mais: a do futebol masculino (é ainda estranho ter de explicitar), contra os entrosados mexicanos, e a do vôlei feminino, contra as superiores americanas.

E se a prata das bravas mulheres dirigidas por Zé Roberto Guimarães poderá ser festejada como de lei pela ressurreição da seleção, a dos meninos de Mano será vista como de lata, por não enterrar a escrita de bater na trave pela terceira vez.

A turma do vôlei, contra a Rússia, causou a maior emoção brasileira da Olimpíada ao salvar seis bolas do jogo e devolver aqueles 24 a 19 de Atenas -os mesmos seis pontos, como observou o treinador brasileiro, emocionado, ao dizer que "a vida tira e depois devolve".

Este colunista terá de ser um raio feito Bolt para sair de Wembley para Earls Court, mas cumprirá. Os dois times e seus técnicos merecem.

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