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Juca Kfouri

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Pra quem pode

As mulheres do vôlei, e os homens, são os exemplos que o pessoal do futebol desconhece

VOCÊ DEVERIA ler aqui uma coluna sobre o jogo de Wembley, aquele que parece ter sido há muito tempo, tão parecido com outros da seleção brasileira de futebol que não consegue se reencontrar com sua torcida.

Mas o que você lerá será apenas o relato de uma vitória que, de tão espetacular, ficará para sempre na memória da gente e com o frescor que as grandes páginas da história do esporte não perde jamais.

Sim, as mulheres de Zé Roberto Guimarães, o único técnico tricampeão olímpico com homens e mulheres, conheceram o fundo do poço londrino, quase a humilhação de serem as primeiras campeãs olímpicas eliminadas ainda na primeira fase de uma Olimpíada, depois que foram arrasadas pelas americanas e pelas coreanas do sul.

Como rainhas jamais perdem a majestade, elas primeiramente mostraram às russas, com vontade imperial, que tantos pontos do jogo tivessem que evitar evitariam para seguirem vivas em busca da revanche com as sobrinhas de Tio Sam.

Não deu outra. Depois, coitadas, vieram as japonesas que, quando abriram os olhos, estavam despachadas por categóricos 3 a 0.

Ontem, na repleta quadra de Earls Court, que também sediou a Olimpíada de 1948, o encontro estava marcado com Destinee Hooker e companhia, a fabulosa craque que havia marcado nada menos do que 25 pontos no jogo da fase inicial.

Pois ontem não passou de 14, menos que Jaqueline (18), que Sheilla, a algoz das russas (15), o mesmo que Fabi.

A torcida brasileira que estava na quadra tinha motivo para estar meio desenxabida, humilhada até, pelo fiasco de Neymar e cia contra o México. Situação que se agravou com o resultado do primeiro set, aplastrantes 25/11 para as americanas.

Mas quem viveu no poço e sabe o valor do paraíso não desanima, e levanta, e sacode a poeira, e dá a volta por cima.

Como fizeram sob a liderança sem vaidades de seu técnico, um cara diferente no mundo dos vencedores, com zero de arrogância.

É muito provável que vejamos algo semelhante acontecer com os homens que enfrentarão os russos, sob uma liderança de outro tipo.

Mas o que vale ressaltar é que o vôlei brasileiro, há anos, tem projeto, trabalha as categorias de base, passou a ter uma liga forte e mantém seus treinadores.

Exatamente o oposto da esmagadora maioria dos outros esportes, o futebol inclusive. Que trocou o roto pelo esfarrapado e imagina que mudar mesmo só se muda o treinador.

E por isso amarga derrotas impensáveis e vê trocado um espaço que era dele por tema e gente muito mais agradáveis.

Gracias, Zé e suas campeãs.

Acho que amanhã voltarei aqui para falar de Bernardinho e os seus.

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