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Juca Kfouri

Como gostar da seleção?

Nem os melhores da propaganda nacional serão capazes de fazer o torcedor se encantar

ONTEM O MORUMBI deveria ter sido palco de um clássico empolgante, com grandes nomes do futebol mundial, mas viu o que seriam muitas atrações reduzidas a uma só: Luis Fabiano. Porque Lucas, Leandro Damião, Diego Forlán e Guiñazu faltaram, a serviço das seleções do Brasil, do Uruguai e da Argentina, em datas Fifa.

E quem paga a conta é o Brasileiro e seus clubes, apenas eles.

Os campeonatos dos países vizinhos, assim como os europeus, param em datas Fifa.

E você quer que o são-paulino ou o colorado olhem com simpatia para a seleção brasileira que joga amanhã no mesmo Morumbi, neste 7 de setembro que está longe de ser o Dia da Independência do futebol brasileiro? Não dá.

Ainda mais se o rival é a África do Sul, cuja grande contribuição ao futebol mundial foi a de ter sediado a última Copa do Mundo e deixado como legado uma porção de elefantes brancos pelo país afora.

Claro, não há mais bobos no futebol e, mesmo estando em 74º lugar no ranking da Fifa, os anfitriões de 2010 podem dar muito trabalho aos de 2014 -e haja, então, vaias.

Esta foi uma das maiores contribuições da interminável gestão de Ricardo Teixeira: o esgarçamento do vínculo do torcedor com o time amarelo, por mais que Galvão Bueno tente vender o contrário.

Parece pura maldade afirmar que Cássio e Lucas serão titulares só para agradar corintianos e tricolores, porque a seleção jogará contra a China (78ª no ranking, mas, se não tem mais japonês no futebol, chinês também não tem), na segunda, no Recife, e Mano Menezes não convocou ninguém nem do Santa Cruz, nem do Sport, nem do Náutico, para indignação, aliás, de Xico Sá.

Maus resultados, pouco espetáculo, desfalques nos times que estão no Brasileirão e excesso de jogos na cidade explicam muita coisa. Sim, como já se disse, o São Paulo jogou ontem, o Palmeiras, sem Barcos (viva, CBF!), joga hoje, e o Corinthians joga no sábado, os dois últimos no Pacaembu.

Para o palmeirense, ganhar do Sport é muito mais importante que o jogo da seleção e, para o corintiano, contra um dos líderes, o Grêmio, as ausências de Cássio e Paulinho no alvinegro são indesculpáveis, ao contrário do que acontecia no passado, quando o torcedor exigia a presença de seus ídolos na seleção.

Não será com sorrisos de político matreiro que José Maria Marin conseguirá reconstruir o que seu antecessor, que ele só elogia, levou anos para destruir. A esperteza de Marin serve apenas para engabelar quem está disposto a sê-lo ou não tem firmeza suficiente para enfrentá-lo.

Enquanto isso, a seleção brasileira sofrerá por pecados que nem são, necessariamente, seus, e quem estiver em seu comando técnico será apenas mais uma vítima.

Até chegar o próximo treinador, ou a próxima vítima.

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