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Entrevista - Sebastian Vettel

Fico orgulhoso do que conquistei, mas a vida continua

Bicampeão da F-1, Sebastian Vettel diz estar na caça de Alonso e que título é possível, mas que não fica pensando no tri aos 25 anos

Diego Azubel/Efe
O alemão Vettel, da Red Bull, posa para foto com fã japonês, em Suzuka
O alemão Vettel, da Red Bull, posa para foto com fã japonês, em Suzuka

TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A SUZUKA

O sol já está baixo no horizonte quando Sebastian Vettel se aproxima do fim de sua maratona de compromissos às vésperas do GP do Japão.

O alemão está atrasado, mas não nega mais um pedido de autógrafo antes de se sentar no escritório da Red Bull para falar à Folha.

"Desculpe, mas não consigo dizer não", justifica-se, sorrindo, e mostrando que os dois títulos que ganhou, o último deles em Suzuka, há um ano, não mudaram em nada o menino que até poucos anos usava aparelho nos dentes e tinha pôsteres de Michael Schumacher no quarto.

"Não é que você se torne campeão e seja obrigado a mudar", diz Vettel, 25. "Talvez a vida mude para algumas pessoas, mas acho que tudo depende de quem você é, com quem gosta de estar. São as suas escolhas, você se faz", afirma o vencedor da última corrida, em Cingapura, e que tenta, na próxima madrugada, às 3h, diminuir a desvantagem para Fernando Alonso na liderança do Mundial.

"Nós estamos na caça e o título é totalmente possível."

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Folha - Sente-se melhor atacando ou se defendendo?
Sebastian Vettel - O ano passado foi atípico. Não gosto de comparar com 2010 porque era para termos ido melhor, mas cometemos muitos erros. Neste ano erramos menos e o campeonato teve mais altos e baixos. Mas estou feliz de onde estamos, não merecemos mais nem menos.

Acha que a opinião sobre você mudou neste ano por estar guiando um carro não tão superior como o de 2012?
É difícil controlar a opinião dos outros. Não sou ator, não tento ser o que não sou. O importante é ser honesto com você. Se comparar com 2011, estamos numa situação muito diferente. Éramos mais competitivos, e mesmo nas corridas que não deveríamos ter vencido, vencemos. Agora as coisas estão mais instáveis. O que pensam não está nas minhas mãos.

O título deste ano te daria mais satisfação pela maneira como o campeonato está?
Na vida algo é satisfatório quando você é honesto e sabe que fez do jeito certo para você. Não gosto de pensar que 2010 foi mais prazeroso porque foi mais disputado ou porque foi o primeiro. É nosso objetivo. Se você sabe que conquistou uma coisa do jeito certo, que foi honesto e pode olhar no espelho e dizer que mereceu, é prazeroso.

Você já pensou que pode ser tricampeão aos 25 anos?
Não penso nisso quando acordo. Você se foca no presente. Claro que fico orgulhoso do que conquistei, mas a vida continua. Não fico pensando em fazer duas vezes seguidas ou três, ou terminar nos pontos por 17 corridas seguidas. Mas seria legal [risos].

É verdade que você tem uma estante com todos os seus capacetes em casa?
Mais ou menos, algumas coisas ainda estão empilhadas. Mas é legal deixá-los de enfeite porque te lembra do quão especial foi a conquista. Quando você acorda não é algo que pense porque é seu trabalho, vira normal. Mas quando passo lá, as memórias voltam e penso: "Puta merda, é F-1", algo que eu sonhei desde pequeno.

Muitos dizem que o Alonso é o melhor piloto. Te incomoda?
O que importa é que quando vou para casa ou para o hotel sei que fiz 100%. Se não conseguir isso não fico satisfeito. Não tenho problema em dizer que errei ou que não consegui fazer tudo que podia. Mas o que as pessoas veem é uma tendência. Se você ganha, é bom piloto. Se chega em quinto ou sexto, param de prestar atenção e se fica em 12º não querem saber.

Quem é o melhor hoje? Você?
Não penso tanto de mim. Claro que preciso de um pouco de autoestima, então acredito que sou um dos melhores, mas não gosto de dizer que sou o melhor. Temos uns quatro ou cinco melhores, mas não vou dizer quem são.

Como você vê a situação que o Felipe Massa atravessa?
Gosto muito dele como pessoa e o respeito bastante como piloto. Muita gente esquece o que ele já conquistou e esquece que ele perdeu um título por um ponto. Se ele fosse campeão falariam coisas muito diferentes hoje. Não entendo porque nos últimos anos ele sofreu tanto. Com todo respeito ao Fernando, o que quero dizer é que acho que o Felipe pode ser tão rápido ou até mais rápido que ele. Mas não entendo porque constantemente a diferença entre eles é tão grande. O Felipe já competiu com pilotos muito bons, como o Michael [Schumacher], o Kimi [Raikkonen], e sempre foi veloz. Mas não sou piloto da Ferrari e não sei como são as coisas lá. É uma pena que as pessoas esqueçam as coisas. Em 2008 ele era visto como um dos melhores e agora não. Se o motor não tivesse estourado na Hungria ele seria campeão. Sei que falar de "se isso, se aquilo" não importa, mas...

NA TV
GP do Japão
3h (de amanhã) Globo

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