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Juca Kfouri

História ligeira

Para que se entenda a mobilização que quer ver José Maria Marin fora do COL e da CBF

Não vá o sapateiro além dos sapatos e o jornalista além dos fatos.

Havia em 1964 um governo confuso e fraco no Brasil, presidido por um certo JG que havia sido eleito vice-presidente do renunciante amalucado JQ, que havia sucedido JK, predestinado a voltar nas eleições previstas para 1965.

JG tinha o apoio de setores progressistas para fazer certas reformas que se impunham no país desigual, mas foi derrubado pelo golpe dado por militares que rasgaram a Constituição, apoiado pela sociedade civil com Deus pela Família e a Propriedade.

O alegado risco de o Brasil se tornar comunista era o mesmo que de a seleção brasileira, então bicampeã mundial de futebol, perder um jogo contra o time infantil dos EUA.

O tempo engrossou, houve quem reagisse ao golpe, alguns poucos políticos de caráter, intelectuais sensíveis, artistas corajosos e, sobretudo, estudantes.

De indignação em indignação, de repressão em repressão, o tempo foi fechando até que a ditadura de fachada cordial se assumiu como tal, com o quinto Ato Institucional, que fechou o Congresso Nacional e suspendeu até o direito individual.

Então, como disse não Lenin, muito menos Che, mas Kennedy, "os que fazem a revolução pacífica inviável tornam a revolução armada inevitável".

JG, JQ, JK, os da política, estavam todos cassados pelos golpistas, entre eles o líder integralista Plínio Salgado, por meio de quem José Maria Marin entrou para a política.

Assim, patriotas equivocados como alguém disse depois, pegaram em armas para, de maneira suicida, tentar derrubar a inabalável ditadura que, com seu poder férreo, abusou da tortura e dos assassinatos de seus inimigos.

E é disso que se trata agora, por meio da Comissão Nacional da Verdade, que convocará Marin.

Contar tintim por tintim quem torturou, quem matou, quem alcaguetou ou foi cúmplice da barbárie.

Os que resistiram, por mais erros que tenham cometido, lutavam contra quem feriu o processo democrático e, mesmo em busca de uma outra ditadura, a tal do proletariado, foram punidos com prisão, morte, exílio, sumiço e, pior, torturas.

Em seguida, pela via da política, vieram a distensão, a Anistia, que não significa esquecimento, as Diretas Já!, derrotadas, a Nova República que de nova teve nada, o impedimento dos colloridos e os mensalões tucanos e petistas.

Hoje, com um país, apesar de tudo, muito melhor que o de antes, busca-se apurar os crimes do Estado. Simples assim.

Daí o presidente do COL estar em maus lençóis e em tal desespero que usa a página da CBF para tentar explicar o inexplicável.

Daí, também, mais de 40 mil brasileiros já terem assinado a petição "Fora Marin!".

Porque, além de dedo-durar, ele discursou para o torturador Sérgio Paranhos Fleury elogiar. Ou também vai negar?


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