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ATLETISMO
Oficializadas em 2003, melhores marcas na rua ficam distantes de SP
Em nome da tradição, SS despreza recorde mundial
DA REPORTAGEM LOCAL
Mais tradicional prova de rua
do país, a São Silvestre, que ontem
realizou sua 79ª edição, não dá valor ao recorde mundial. Oficializadas em 2003 pela Iaaf (Associação Internacional das Federações
de Atletismo), as melhores marcas de provas de rua ganharam o
mesmo status das de pista.
Porém, com um percurso irregular e geralmente disputada sob
forte calor -a chuva ontem aliviou o problema para os competidores-, a São Silvestre não dá
condições para os atletas conseguirem tempos expressivos.
Mesmo já tendo contado com
alguns dos competidores mais badalados do circuito mundial, os
tempos da prova são modestos.
Dono da melhor marca da maratona (2h04min55s), Paul Tergat, pentacampeão da São Silvestre (1995, 1996, 1998, 1999 e 2000),
também é o recordista da prova
paulistana. Em 1995, ele fez o tempo de 43min12s. Ontem, Marilson
cumpriu os 15 km em 43min49s.
No entanto, em nível mundial,
esses tempos são fracos. O recorde da distância pertence ao queniano Félix Limo (41min29s).
Para Júlio Deodoro, coordenador da São Silvestre, a dificuldade
de se obter recordes em São Paulo
não irá tirar o brilho da disputa.
"Um tempo de 43 minutos em
São Paulo é muito mais forte do
que 41 minutos em um percurso
plano. A São Silvestre é uma corrida diferente das outras. Ela não
precisa desse tipo de artifício para
ser promovida", crê Deodoro.
Se as marcas do masculino não
são expressivas, o problema é
maior no feminino. O recorde da
prova é, desde 1993, da queniana
Hellen Kimayio (50min26s). Ontem, Okayo foi mais lenta: terminou em 51min24s. O recorde
-46min57s- é da sul-africana
Elana Meyer, que obteve a marca
em 1991, na Cidade do Cabo.
Para facilitar a vida dos competidores, a maioria dos países promove as corridas em horários
com temperatura mais amena e
com um percursos planos.
Alheio a isso, Deodoro cita o período em que acontece a São Silvestre como um trunfo para a obtenção de resultados expressivos.
"O atleta sabe que, se bater o recorde em São Paulo, terminará o
ano em primeiro lugar no ranking
mundial", argumenta ele, que não
quer fazer grandes mudanças.
"Seguimos as regras da Iaaf para
que a prova seja oficial. Temos
que fazer a chegada em um nível
semelhante ao da largada. Não
posso promover muitas alterações pensando só em recordes."
Sem isso, dificilmente a prova
ganhará repercussão internacional devido a marcas importantes.
Apesar disso, alguns atletas dão
primazia a correr em São Paulo.
"Prefiro assim. Quando o percurso é plano, desanima. Parece
que a reta não acaba", reclama
Maria Zeferina Baldaia, que abandonou ontem.
(ADALBERTO LEISTER FILHO, LUÍS FERRARI E TATIANA CUNHA)
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