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São Paulo, quinta-feira, 01 de janeiro de 2004

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AÇÃO

Quando vai nevar?

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

Outro dia, minha filha, Carolina, 3, perguntou quando ia nevar. Com tanto Papai Noel de trenó e neve caindo em comerciais de TV, a pequena aguarda ansiosa a sua vez de brincar.
No mesmo dia, outra garota, Isabel, 27, ganhava o Prêmio Brasil Olímpico 2003 por seu desempenho no snowboard, esporte que entrou de brincadeira na sua vida e se tornou coisa séria.
Ela não pôde receber pessoalmente a homenagem, estava no Canadá disputando uma etapa da Copa do Mundo. Era a única representante sul-americana, ao lado do brasileiro Felipe Mota. Argentinos e chilenos, as principais forças do continente, não apareceram.
No último Brasileiro, em Valle Nevado, Chile, em setembro, quando novamente ganhou tudo o que disputou, estive acompanhando o seu desempenho, deslizando algumas montanhas e conhecendo um pouco a melhor brasileira no esporte.
A carioca Isabel Ribeiro Clark bem que podia ter nascido em Vancouver ou Salzburgo. Gosta do Rio, mas só para passar férias, visitar os amigos, a família. Tem ficado entre oito e dez meses nas montanhas nevadas. E as últimas temporadas entre Valle Nevado e Whystler, no Canadá.
Conheceu o snowboard há dez anos, quando foi visitar, com os pais e as três irmãs, um irmão, que há duas temporadas trabalhava numa estação da Califórnia. Nos primeiros dias, por recomendação do irmão, ficou apanhando no esqui, mas notou que na pranchinha se daria melhor.
No ano seguinte, foi à primeira edição do Brasileiro.
Já competindo, venceria no PGS, slalom paralelo gigante, e repetiria a vitória em todas as nove edições disputadas até hoje. No SBX, o boardercross, estreou com vitória, há quatro anos, e nunca mais perdeu, vencendo em 2003 a prova FIS, contra estrangeiras. No Half Pipe, em que atua há dois anos, ganhou dois títulos. Imbatível no Brasileiro, Isabel queria que mais meninas se dedicassem ao esporte no país, mas sabe a dificuldade que é "largar tudo", embora não ache que tenha perdido nada ao se envolver com o esporte: trancou o curso de arquitetura na UFRJ no último ano.
Hoje, faz simpáticos gorros de crochê e curte a vida tranquila nas estações, onde dá aulas de snowboard para completar sua renda. Economias? "Ainda não dá para pensar no futuro. Tudo o que ganho invisto nas provas." Nesta temporada, Isabel espera chegar entre as oito primeiras do ranking da Copa do Mundo. Na temporada passada foi a 24ª. Competitiva em todas as modalidades, pretende concentrar-se no SBX para alcançar o almejado índice olímpico: "Para você ser bom tem que gostar de andar em qualquer terreno, na montanha toda. O boardercross é mais completo". A modalidade será a única novidade na Olimpíada de Turim em 2006. Com um treinador à sua disposição no Canadá, país onde faz a sua base, irá participar em seguida das etapas norte-americanas. Para disputar as fases européia e asiática, que completam o circuito da Copa do Mundo, depende de patrocínio. Feliz 2004!

Mundial de surfe júnior
O ano começou mais cedo na Austrália. Lá, em Sydney, os profissionais até 20 anos disputam, a partir de hoje, o primeiro título da temporada e US$ 130 mil em prêmios.

Geral no Baú
A Federação de Montanhismo do Estado de São Paulo está recrutando voluntários para mutirões e trabalhos, de fevereiro a outubro, na região da Pedra do Baú.

Bodyboard
Filmado principalmente no Rio e no Havaí e produzido por Daniel Bueno e Felipe Perusin, foi lançado no dia 20 "Atitude", que traz Guilherme Tâmega, Mike Stewart, entre outros, dentro e fora da água.

E-mail: sarli@trip.com.br


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