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AÇÃO
Quando vai nevar?
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
Outro dia, minha filha, Carolina, 3, perguntou quando
ia nevar. Com tanto Papai Noel
de trenó e neve caindo em comerciais de TV, a pequena aguarda
ansiosa a sua vez de brincar.
No mesmo dia, outra garota,
Isabel, 27, ganhava o Prêmio Brasil Olímpico 2003 por seu desempenho no snowboard, esporte que
entrou de brincadeira na sua vida
e se tornou coisa séria.
Ela não pôde receber pessoalmente a homenagem, estava no
Canadá disputando uma etapa
da Copa do Mundo. Era a única
representante sul-americana, ao
lado do brasileiro Felipe Mota.
Argentinos e chilenos, as principais forças do continente, não
apareceram.
No último Brasileiro, em Valle
Nevado, Chile, em setembro,
quando novamente ganhou tudo
o que disputou, estive acompanhando o seu desempenho, deslizando algumas montanhas e conhecendo um pouco a melhor
brasileira no esporte.
A carioca Isabel Ribeiro Clark
bem que podia ter nascido em
Vancouver ou Salzburgo. Gosta
do Rio, mas só para passar férias,
visitar os amigos, a família. Tem
ficado entre oito e dez meses nas
montanhas nevadas. E as últimas
temporadas entre Valle Nevado e
Whystler, no Canadá.
Conheceu o snowboard há dez
anos, quando foi visitar, com os
pais e as três irmãs, um irmão,
que há duas temporadas trabalhava numa estação da Califórnia. Nos primeiros dias, por recomendação do irmão, ficou apanhando no esqui, mas notou que
na pranchinha se daria melhor.
No ano seguinte, foi à primeira
edição do Brasileiro.
Já competindo, venceria no
PGS, slalom paralelo gigante, e
repetiria a vitória em todas as nove edições disputadas até hoje. No
SBX, o boardercross, estreou com
vitória, há quatro anos, e nunca
mais perdeu, vencendo em 2003 a
prova FIS, contra estrangeiras.
No Half Pipe, em que atua há dois
anos, ganhou dois títulos. Imbatível no Brasileiro, Isabel queria
que mais meninas se dedicassem
ao esporte no país, mas sabe a dificuldade que é "largar tudo",
embora não ache que tenha perdido nada ao se envolver com o
esporte: trancou o curso de arquitetura na UFRJ no último ano.
Hoje, faz simpáticos gorros de
crochê e curte a vida tranquila
nas estações, onde dá aulas de
snowboard para completar sua
renda. Economias? "Ainda não
dá para pensar no futuro. Tudo o
que ganho invisto nas provas."
Nesta temporada, Isabel espera
chegar entre as oito primeiras do
ranking da Copa do Mundo. Na
temporada passada foi a 24ª.
Competitiva em todas as modalidades, pretende concentrar-se no
SBX para alcançar o almejado índice olímpico: "Para você ser bom
tem que gostar de andar em qualquer terreno, na montanha toda.
O boardercross é mais completo".
A modalidade será a única novidade na Olimpíada de Turim em
2006. Com um treinador à sua
disposição no Canadá, país onde
faz a sua base, irá participar em
seguida das etapas norte-americanas. Para disputar as fases européia e asiática, que completam
o circuito da Copa do Mundo, depende de patrocínio. Feliz 2004!
Mundial de surfe júnior
O ano começou mais cedo na Austrália. Lá, em Sydney, os profissionais até 20 anos disputam, a partir de hoje, o primeiro título da temporada e US$ 130 mil em prêmios.
Geral no Baú
A Federação de Montanhismo do Estado de São Paulo está recrutando voluntários para mutirões e trabalhos, de fevereiro a outubro, na
região da Pedra do Baú.
Bodyboard
Filmado principalmente no Rio e no Havaí e produzido por Daniel
Bueno e Felipe Perusin, foi lançado no dia 20 "Atitude", que traz Guilherme Tâmega, Mike Stewart, entre outros, dentro e fora da água.
E-mail: sarli@trip.com.br
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