São Paulo, segunda-feira, 01 de janeiro de 2007

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Com jeito de veterana, Lucélia, 25, sobra e vence

Corredora, que disputa a prova desde 96, coroa sua 10ª participação com vitória

Atleta diz que passou a perseguir a vitória de fato a partir de 2003 e fala que meta agora é manter ritmo para chegar bem ao Pan


DA REPORTAGEM LOCAL

Com apenas 25 anos, Lucélia Peres largou ontem para a 82ª edição da São Silvestre com a segurança de uma veterana. E coroou ao cruzar a linha de chegada na primeira colocação uma ligação que nutre há mais de dez anos com a tradicional corrida paulistana.
Ela disputa a prova desde 1996. Aos 15 anos, já era a melhor corredora de Brasília e todo ano ganhava passagem e hospedagem para se aventurar pelas ruas de São Paulo, largando no meio do povão.
Naquela época, começava a ganhar dinheiro para correr.
"Eu ia sem compromisso, para me divertir, mas já sonhava em vencer um dia a corrida de São Silvestre", diz.
A vitória, perseguida desde 2003, chegou ontem em uma prova praticamente dominada desde o oitavo quilômetro.
O clima ajudou. Com o tempo nublado, temperatura mais amena e chuva no fim da corrida, as atletas sofreram pouco.
Lucélia teve até de jogar os óculos escuros fora para conseguir enxergar bem o percurso, já que o céu estava encoberto.
Ednalva Laureano, segunda colocada, chegou a acompanhá-la por alguns quilômetros, mas deixou o ritmo arrefecer durante a avenida Brigadeiro Luís Antônio. Lucélia, inteira, subiu sozinha e cravou o tempo de 51min24s.
"Deixei escapar essa conquista em outras oportunidades e não queria repetir isso. Apesar de não terem nomes tão famosos na prova, o ritmo foi forte. Só acreditei que ia ganhar quando entrei na Paulista. Mesmo assim, tentei fazer a chegada mais forte possível para não ter surpresas."
Erros de estratégia e acidentes já haviam adiado o sonho de Lucélia outras vezes. Em 2003, foi atropelada na largada, caiu e perdeu o embalo. No ano seguinte, foi superada pela queniana Lydia Cheromey.
Mesmo quando chegou mais perto do topo do pódio, Lucélia não era apontada como uma das estrelas. Situação bem diferente da vivida ontem.
Com a ausência de grandes estrelas e a presença de apenas uma ex-campeã (Marizete Rezende), a corredora se tornou o principal alvo dos holofotes.
Atenção conseguida graças aos expressivos resultados obtidos no ano passado, o melhor de sua versátil carreira. A atleta conquistou o tricampeonato da Volta da Pampulha (MG), a melhor marca brasileira dos 10.000 m e baixou os tempos de todas as provas que disputa, dos 3.000 m à meia-maratona.
Ela está também pré-classificada para os Jogos Pan-Americanos do Rio, neste ano.
Mineira de Paracatu, Lucélia começou a correr aos 12 anos em um programa esportivo para crianças em Brasília, onde mora. Foi levada por sua professora de educação física e praticava todo tipo de esporte.
Aos 14, no entanto, decidiu transformar o que era prazer em profissão. Dois anos depois, com apoio de uma academia de ginástica e uma loja de material de construção, começou a viajar para competir.
Lapidada pelo técnico Edilberto Barros, Lucélia teve ascensão meteórica. Logo no primeiro Brasileiro, ganhou uma medalha. Aos 17 anos, foi campeã nacional juvenil.
"Quando comecei a correr, nem imaginava que chegaria até aqui. Foi um ano maravilhoso. Me preparei muito e consegui realizar meus sonhos. Espero que consiga de novo em 2007", diz Lucélia. (GUILHERME ROSEGUINI, MARIANA LAJOLO E MÁRVIO DOS ANJOS)

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