|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Com jeito de veterana, Lucélia, 25, sobra e vence
Corredora, que disputa a prova desde 96, coroa sua 10ª participação com vitória
Atleta diz que passou a perseguir a vitória de fato a partir de 2003 e fala que
meta agora é manter ritmo para chegar bem ao Pan
DA REPORTAGEM LOCAL
Com apenas 25 anos, Lucélia
Peres largou ontem para a 82ª
edição da São Silvestre com a
segurança de uma veterana. E
coroou ao cruzar a linha de chegada na primeira colocação
uma ligação que nutre há mais
de dez anos com a tradicional
corrida paulistana.
Ela disputa a prova desde
1996. Aos 15 anos, já era a melhor corredora de Brasília e todo ano ganhava passagem e
hospedagem para se aventurar
pelas ruas de São Paulo, largando no meio do povão.
Naquela época, começava a
ganhar dinheiro para correr.
"Eu ia sem compromisso, para me divertir, mas já sonhava
em vencer um dia a corrida de
São Silvestre", diz.
A vitória, perseguida desde
2003, chegou ontem em uma
prova praticamente dominada
desde o oitavo quilômetro.
O clima ajudou. Com o tempo nublado, temperatura mais
amena e chuva no fim da corrida, as atletas sofreram pouco.
Lucélia teve até de jogar os
óculos escuros fora para conseguir enxergar bem o percurso,
já que o céu estava encoberto.
Ednalva Laureano, segunda
colocada, chegou a acompanhá-la por alguns quilômetros,
mas deixou o ritmo arrefecer
durante a avenida Brigadeiro
Luís Antônio. Lucélia, inteira,
subiu sozinha e cravou o tempo
de 51min24s.
"Deixei escapar essa conquista em outras oportunidades e não queria repetir isso.
Apesar de não terem nomes tão
famosos na prova, o ritmo foi
forte. Só acreditei que ia ganhar
quando entrei na Paulista.
Mesmo assim, tentei fazer a
chegada mais forte possível para não ter surpresas."
Erros de estratégia e acidentes já haviam adiado o sonho de
Lucélia outras vezes. Em 2003,
foi atropelada na largada, caiu e
perdeu o embalo. No ano seguinte, foi superada pela queniana Lydia Cheromey.
Mesmo quando chegou mais
perto do topo do pódio, Lucélia
não era apontada como uma
das estrelas. Situação bem diferente da vivida ontem.
Com a ausência de grandes
estrelas e a presença de apenas
uma ex-campeã (Marizete Rezende), a corredora se tornou o
principal alvo dos holofotes.
Atenção conseguida graças
aos expressivos resultados obtidos no ano passado, o melhor
de sua versátil carreira. A atleta
conquistou o tricampeonato da
Volta da Pampulha (MG), a melhor marca brasileira dos
10.000 m e baixou os tempos de
todas as provas que disputa,
dos 3.000 m à meia-maratona.
Ela está também pré-classificada para os Jogos Pan-Americanos do Rio, neste ano.
Mineira de Paracatu, Lucélia
começou a correr aos 12 anos
em um programa esportivo para crianças em Brasília, onde
mora. Foi levada por sua professora de educação física e
praticava todo tipo de esporte.
Aos 14, no entanto, decidiu
transformar o que era prazer
em profissão. Dois anos depois,
com apoio de uma academia de
ginástica e uma loja de material
de construção, começou a viajar para competir.
Lapidada pelo técnico Edilberto Barros, Lucélia teve ascensão meteórica. Logo no primeiro Brasileiro, ganhou uma
medalha. Aos 17 anos, foi campeã nacional juvenil.
"Quando comecei a correr,
nem imaginava que chegaria
até aqui. Foi um ano maravilhoso. Me preparei muito e
consegui realizar meus sonhos.
Espero que consiga de novo em
2007", diz Lucélia.
(GUILHERME ROSEGUINI, MARIANA LAJOLO E MÁRVIO
DOS ANJOS)
Texto Anterior: Italiano: Diretor do Palermo é ameaçado pela máfia Próximo Texto: Erro em 2005 virou lição, diz treinador Índice
|