DA REPORTAGEM LOCAL

"O brasileiro gosta de arranhar seus heróis. É hora de ser mais solidário com eles." Dessa maneira, o curador francês Romeric Buel convida para a exposição ""Pelé -A Arte do Rei", que será aberta ao público amanhã, no Masp.
A maior homenagem ao maior futebolista brasileiro acontece quando sua imagem pública está mais abalada, com as denúncias, publicadas em novembro pela Folha, de que a empresa Pelé Sports & Marketing Inc. teria ficado em 1995 com os US$ 700 mil movimentados em torno de um evento beneficente do Unicef.
A idéia da mostra itinerante, porém, é de janeiro de 2001, com a Coca-Cola entrando como patrocinadora em agosto último.
Depois de São Paulo, a exposição vai ao Rio de Janeiro e a outras cidades brasileiras e, possivelmente, do exterior.
O visitante entra por uma sala em que Pelé, em um vídeo, agradece a presença entre imagens do refrigerante patrocinador. E termina na loja de produtos da cola.
Nesse trajeto, ele passa por 547 peças, entre objetos pessoais, troféus, faixas, medalhas, fotos, quadros, flâmulas, camisas e bolas, divididos em 16 módulos.
Além disso, haverá três projeções. Bem no meio do espaço, um telão duplo exibe de um lado uma seleção de gols, e do outro, um filme intitulado ""Ballet Pelé", edição de movimentos do ex-atleta com música de fundo. Há também um vídeo contando sua vida.
O clima de estádio começa logo na entrada, em um corredor que simula um túnel de estádio, com caixas de som emitindo um coro de torcida. O subsolo do Masp se vestiu de vermelho, com paredes e piso nessa cor. ""Por acaso, é uma das cores da Coca. É só uma coincidência", afirma o curador.
Os módulos são identificados por logos do refrigerante, que tem um contrato de R$ 2 bilhões por três anos com Pelé.
A empresa norte-americana, que perdeu para a brasileira Ambev o posto de patrocinadora da seleção, contra-atacou a concorrente escolhendo Pelé e Romário como garotos-propaganda.
A pretensão da mostra é chegar a 500 mil visitantes, superando a recordista "Monet", em 1999.
Do acervo, 80% saiu das residências de Pelé, principalmente de seu apartamento no Guarujá. O restante veio de várias fontes, como CBF, MIS e Santos.
O clube santista destinou só quatro dos oito troféus pedidos pela organização, devido a atritos sobre o seguro (o time exigia escolher a seguradora). Jairzinho, companheiro na Copa de 70, se negou a ceder sua imagem.
A organização espera hoje, no coquetel de inauguração, a presença de Romário, Joseph Blatter, FHC e Geraldo Alckmin para cumprimentar o homenageado.