São Paulo, sexta-feira, 01 de fevereiro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BOXE

"A" luta do século

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Existe um termo mais comum hoje em dia no boxe do que "luta do século"?
Em uma tentativa de atrair a atenção do público, qualquer luta agora é chamada por promotores e, em alguns casos, até por comentaristas de ""luta do século".
A última luta mais célebre a ganhar tal denominação foi Mike Tyson x Michael Spinks, em 1989, em um combate entre invictos. Na opinião de alguns comentaristas brasileiros, ""Sugar" Ray Leonard x ""Marvelous" Marvin Hagler e Leonard x Roberto ""Manos de Piedra" Durán, também na década de 80, foram outras ""lutas do século". Ou pelo menos foram assim chamadas nas semanas no Brasil que as antecederam.
E há as variações. Evander Holyfield x George Foreman virou a ""Batalha das Gerações" e ""The Golden Boy" Oscar de la Hoya x Félix ""Tito" Trinidad tornou-se a ""Luta do Milênio".
Mas a única e verdadeira ""luta do século", tanto em termos de expectativa como no aspecto artístico, foi travada entre os pesos-pesados Muhammad Ali e ""Smokin" Joe Frazier, em 1971.
Mais precisamente, no dia 8 de março -uma segunda-feira.
Por que tal confronto foi promovido com tal slogan? Fácil.
É que esse duelo, pelo título de campeão mundial dos pesos-pesados, na então meca do boxe, o Madison Square Garden, pôs frente a frente os dois melhores pugilistas daquela época, invictos, com estilos, dentro do ringue, e personalidades, fora dele, que não poderiam ser mais díspares.
Para aumentar a mística em torno da luta, Ali retornava de um período de inatividade de três anos pois havia tido a licença cassada por ter se recusado a combater no Vietnã além de ter se engajado nos movimentos negros. Assim, Ali era visto por muitos como o verdadeiro campeão, pois não havia perdido o título no ringue.
O reservado Frazier, por outro lado, era visto como um ""Uncle Tom" (negro subserviente aos brancos), imagem divulgada pelo showman Ali, que aproveitava todas as oportunidades possíveis para ridicularizar o adversário.
Os cartéis não poderiam ser mais impressionantes: o técnico e dançarino Ali, 29, estava invicto em 31 combates, 25 decididos por nocaute. Já o brigador Frazier, 27, que nunca cansava de disparar golpes, também invicto, tinha 26 vitórias, 23 por nocaute.
Para completar, ambos haviam ganhado ouro em olimpíadas.
Nas palavras de Ali, tal luta seria ""o maior evento de todos os tempos no planeta Terra".
Após 15 assaltos, incrível atividade e uma queda de Ali, Frazier emergeria vitorioso, reconhecido como o ""indiscutível campeão dos pesos-pesados", não sem causar certa polêmica, o que garantiu a realização de mais dois combates entre ambos (Ali, porém, venceu a segunda e a terceira luta, que não foi menos memorável).
Tais combates deixaram sequela nos dois pugilistas: Frazier, em sua biografia, jura que odeia Ali até hoje e as filhas de ambos, Laila Ali e Jacqui Lyde-Frazier, participaram da mais famosa luta de boxe entre mulheres até hoje.
É exatamente a exibição do VT da primeira luta entre Ali e Frazier, a ""luta do século" original (a primeira pelo menos nos últimos 16 anos no Brasil), que tantas imitações gerou, que a ESPN International confirma para a 0h da próxima terça. Uma chance para comparar ""a" ""luta do século" com as ""lutas do século".

Unificação 1
Informações conflitantes partem da equipe de Floyd Mayweather, possível rival de Popó. Apesar de o campeão do CMB ter dito que quer permanecer entre os superpenas, a Top Rank, que promove o americano, insiste que ele subirá para os leves, onde enfrentaria outros lutadores da Top Rank, mantendo tudo ""em família". Ao ser lembrado por esta coluna das declarações de Mayweather, Lee Samuels, da Top Rank, respondeu com uma questão: ""mas quem é o promotor aqui"?, em alusão ao dono da Top Rank, Bob Arum.

Unificação 2
Outro baiano, Rodrigo Minotauro, campeão do Pride, também pensa em unificar, mas no vale-tudo. Foi convidado para enfrentar o campeão do Ultimate Fighting Championship, Randy Coulture. Mas Minotauro só poderia disputar tal combate antes de novembro se fosse liberado para essa luta pelo Pride. O vencedor da luta reuniria os títulos dos mais prestigiosos torneios do vale-tudo.

E-mail: eohata@folhasp.com.br


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Futebol - José Roberto Torero: Moreira na barreira
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.