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Para Florentino Pérez, equipe de estrelas tem na imagem maior ativo
Presidente diz que fez do Real um vendedor de ilusão
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
Mais do que um time de futebol
os ""galácticos" do Real Madrid
são uma unidade de negócios.
É assim que o presidente Florentino Pérez descreve aquela que
é considerada a maior equipe do
mundo na atualidade. Ou, no mínimo, a mais estrelada.
Quando chegou ao poder ao
vencer a eleição contra Lorenzo
Sanz, recebendo 16.469 votos contra 13.302 de seu antecessor, Pérez, 56, fez uma promessa. A cada
temporada faria uma contratação
de peso. Em 2000, o time recebeu
o reforço do português Figo. Em
2001, do francês Zidane. Em 2002,
do brasileiro Ronaldo. Em 2003,
do inglês Beckham.
Só o marido de Victoria Adams,
a ex-Spice Girl, custou ao clube
espanhol mais de 34 milhões.
Mas, como contou Pérez à Folha, se para outros times pode parecer uma tremenda complicação
recuperar investimento de tal
magnitude, para o Real não é.
""Em um ano temos condições
de recuperar pelo menos metade
do que investimos na contratação. Em dois anos, o investimento
está pago", afirmou o dirigente.
""Só um dos giros asiáticos do Beckham gerou 14 milhões, metade
dos quais ficaram com o clube."
Além da questão prática
-quanto sai de caixa para contratar uma estrela e quanto volta
graças a ela-, existem outros
pontos em jogo.
""É difícil mensurar quanto vale
um atleta. Para nós certamente
vale muito, porque o Real deixou
de ser um time, virou um vendedor de ilusão, no bom sentido.
Nosso maior ativo é nossa imagem. Estamos no mundo do show
business e esse é nosso negócio."
E tanto é verdade que a diretoria
do rival Atlético de Madri costuma brincar que, se o Tom Cruise
estivesse à venda, certamente teria sido comprado pelo Real.
""É que nossas estrelas valem
mais do que o gol ou a assistência
que elas dão durante um jogo.
Elas valem muito pelo que são
também fora dos gramados. Na
Espanha e no mundo inteiro falam delas o tempo todo, com
quem estão saindo, o que estão
vestindo, o que gostam de comer.
É disso que elas vivem e, de certa
forma, nós também", disse Pérez.
Com as grandes contratações, o
dirigente explicou que as receitas
de marketing cresceram substancialmente. Quando chegaram ao
clube, Zidane, Ronaldo e Beckham conseguiram grandes proezas. O primeiro vendeu 45 mil camisetas logo ao se apresentar no
Santiago Bernabéu, o estádio do
Real. O segundo, 65 mil em seu
primeiro dia. O terceiro, 80 mil.
Cada camisa do Real Madrid
custa 65. Se tiver o nome ou o
número do jogador nas costas, o
preço sobe para 83.
No ano passado, Ronaldo vendeu 800 mil camisas da equipe pelo mundo todo -bateu o recorde
no mês de setembro, quando foram vendidas 120 mil.
""Temos 93 milhões de torcedores espalhados pelo mundo, a
grande maioria com condições financeiras para comprar nossos
produtos. É por isso que precisamos dos "galácticos", ser um time
internacional. Isso representa ótimas receitas e ótimas contratações para o futuro."
Com as estrelas, as receitas de
marketing, que incluem licenciamento de produtos, campanhas
publicitárias com os jogadores e
novos parceiros comerciais, aumentaram substancialmente.
Em 2000/2001, traziam 34 milhões para os cofres do Real. Em
2002/2003, 58 milhões. Em
2003/2004, 100 milhões.
Dos 280 milhões que o time
fatura por ano, o marketing chegou, portanto, a representar 35%
do total, quando nos anos 90 não
superava 15% do faturamento.
""Também com grandes jogadores conseguimos aumentar o valor dos direitos de TV e a bilheteria, todo jogo nosso agora é sinal
de estádio lotado", declarou Pérez, lembrando ainda que o time
estipulou um piso de US$ 2,5 milhões para disputar amistosos.
O valor chega a ser cinco vezes
maior do que o pedido por seleções como Brasil e Argentina.
Mas, apesar de falar tanto em
dinheiro, o presidente do Real
adota um outro discurso quando
fala da Bolsa de Valores e condena
a entrada do time ao mundo das
ações. ""Não sou contra a Bolsa,
mas temos outros meios de gerar
receitas. Digo e repito: o segredo
do Real é estar no coração das
pessoas, não no bolso delas."
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