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FUTEBOL
De Viña del Mar a Atenas
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
O futebol brasileiro tem
mesmo uma relação complicada com os Jogos Olímpicos. A
seleção nacional já atuou em
mais de 60 países em seus quase
90 anos de história (a maior festa
programada foi estragada há
uma semana), mas nunca jogou
na Grécia, o berço olímpico.
A classificação para Atenas-2004 garantiria a estréia do Brasil
em território grego, mas a derrota
inesperada para o Paraguai em
Viña del Mar impediu isso.
Dos países que formaram o
Mercado Comum Europeu, apenas dois ainda não receberam a
seleção brasileira: Grécia e Luxemburgo. O pequeno país que
compõe o chamado Benelux não
tem um futebol desenvolvido e
talvez nunca receberá mesmo a
equipe nacional, mas a Grécia já
mostra evolução há um bom tempo e é difícil entender por que os
deuses não fizeram até hoje com
que o Brasil atuasse por lá.
Além de os clubes gregos investirem cada vez mais em atletas estrangeiros, a seleção do país tem
obtido bons resultados (está na
Eurocopa de Portugal).
O Brasil fez amistosos nos últimos anos em lugares distantes e
com pouca tradição na modalidade, como Tailândia, Malásia e
China, mas passou longe do país
que é tido como o berço da civilização ocidental.
A Argentina é o país que o Brasil mais visitou: 76 partidas. O segundo lugar em que a seleção
mais jogou foram os EUA (61 vezes). Com o Pré-Olímpico recente,
o Chile figura agora como o terceiro país que mais hospedou partidas da seleção: 56 jogos.
Depois da capital Santiago, a cidade de Viña del Mar é a cidade
chilena que mais recebeu jogos do
país. Sempre lembrada pela campanha vitoriosa na Copa de 1962
(a fase decisiva não foi lá), ela,
poucos sabem, foi palco do mais
estrondoso fracasso da seleção.
A maior goleada que o Brasil
sofreu na história aconteceu no
famoso balneário chileno no dia
18 de setembro de 1920. O Uruguai fez 6 a 0 na equipe nacional
pelo Sul-Americano (a Copa
América da época). A partida foi
em um complexo chamado Sporting Club Valparaíso, que, apesar
do nome, fica em Viña del Mar
(as cidades são coladas). Cerca de
9.000 pessoas viram o jogo, apitado pelo chileno Carlos Fanta.
E o Brasil teve sorte nessa épica
derrocada. Já na etapa inicial, 3 a
0: Romano abriu o marcador aos
23min, Urdinarán ampliou aos
26min (pênalti), e Pérez aumentou três minutos depois. No segundo tempo, Urdinarán saiu
contundido (não havia substituição ainda). Cámpolo, aos 3min,
Romano, aos 15min, e Pérez, aos
20min, fecharam então o placar
(algumas fontes apontam gols para Piendibene e Ruotta).
O Brasil jogou assim: Kuntz;
Martins e Telefone; Japonês, Sisson e Fortes; De Maria, Zezé 1,
Castelhano, Junqueira e Alvariza.
O país tomaria de seis uma outra
vez (6 a 1 para a Argentina em
1940) e apanharia até de oito em
outra ocasião (8 a 4 para a Iugoslávia em 1934), mas jamais teria
saldo de gols tão desfavorável
quanto o visto no primeiro fatídico jogo em Viña del Mar.
Vai ver era o time certo na hora
certa, e o lugar era errado.
Lugar comum
Na ordem, os países em que a seleção brasileira mais jogou: Argentina (76 vezes), EUA (61), Chile (56), Uruguai (50), México (44), Colômbia (34), Peru (31), França e Paraguai (27), Bolívia (26), Itália (21),
Alemanha (20), Equador e Espanha (18), Inglaterra (16), Coréia do
Sul e Suécia (15), Japão (14), Portugal (10), Austrália e Venezuela (9),
Arábia Saudita (8), Qatar e Suíça (7), Canadá e Costa Rica (6), Porto
Rico e República Dominicana (5) e Egito, Finlândia e Holanda (4).
Lugar sonhado
""Quero jogar o próximo Pré-Olímpico. Por mim, jogarei todas as
Olimpíadas que puder." Assim afirma o meia Diego, único da recém-finada seleção brasileira sub-23 que ainda será sub-23 no Pré-Olímpico para Pequim-2008.
E-mail rbueno@folhasp.com.br
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