São Paulo, domingo, 01 de fevereiro de 2004

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FUTEBOL

De Viña del Mar a Atenas

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

O futebol brasileiro tem mesmo uma relação complicada com os Jogos Olímpicos. A seleção nacional já atuou em mais de 60 países em seus quase 90 anos de história (a maior festa programada foi estragada há uma semana), mas nunca jogou na Grécia, o berço olímpico.
A classificação para Atenas-2004 garantiria a estréia do Brasil em território grego, mas a derrota inesperada para o Paraguai em Viña del Mar impediu isso.
Dos países que formaram o Mercado Comum Europeu, apenas dois ainda não receberam a seleção brasileira: Grécia e Luxemburgo. O pequeno país que compõe o chamado Benelux não tem um futebol desenvolvido e talvez nunca receberá mesmo a equipe nacional, mas a Grécia já mostra evolução há um bom tempo e é difícil entender por que os deuses não fizeram até hoje com que o Brasil atuasse por lá.
Além de os clubes gregos investirem cada vez mais em atletas estrangeiros, a seleção do país tem obtido bons resultados (está na Eurocopa de Portugal).
O Brasil fez amistosos nos últimos anos em lugares distantes e com pouca tradição na modalidade, como Tailândia, Malásia e China, mas passou longe do país que é tido como o berço da civilização ocidental.
A Argentina é o país que o Brasil mais visitou: 76 partidas. O segundo lugar em que a seleção mais jogou foram os EUA (61 vezes). Com o Pré-Olímpico recente, o Chile figura agora como o terceiro país que mais hospedou partidas da seleção: 56 jogos.
Depois da capital Santiago, a cidade de Viña del Mar é a cidade chilena que mais recebeu jogos do país. Sempre lembrada pela campanha vitoriosa na Copa de 1962 (a fase decisiva não foi lá), ela, poucos sabem, foi palco do mais estrondoso fracasso da seleção.
A maior goleada que o Brasil sofreu na história aconteceu no famoso balneário chileno no dia 18 de setembro de 1920. O Uruguai fez 6 a 0 na equipe nacional pelo Sul-Americano (a Copa América da época). A partida foi em um complexo chamado Sporting Club Valparaíso, que, apesar do nome, fica em Viña del Mar (as cidades são coladas). Cerca de 9.000 pessoas viram o jogo, apitado pelo chileno Carlos Fanta.
E o Brasil teve sorte nessa épica derrocada. Já na etapa inicial, 3 a 0: Romano abriu o marcador aos 23min, Urdinarán ampliou aos 26min (pênalti), e Pérez aumentou três minutos depois. No segundo tempo, Urdinarán saiu contundido (não havia substituição ainda). Cámpolo, aos 3min, Romano, aos 15min, e Pérez, aos 20min, fecharam então o placar (algumas fontes apontam gols para Piendibene e Ruotta).
O Brasil jogou assim: Kuntz; Martins e Telefone; Japonês, Sisson e Fortes; De Maria, Zezé 1, Castelhano, Junqueira e Alvariza. O país tomaria de seis uma outra vez (6 a 1 para a Argentina em 1940) e apanharia até de oito em outra ocasião (8 a 4 para a Iugoslávia em 1934), mas jamais teria saldo de gols tão desfavorável quanto o visto no primeiro fatídico jogo em Viña del Mar.
Vai ver era o time certo na hora certa, e o lugar era errado.

Lugar comum
Na ordem, os países em que a seleção brasileira mais jogou: Argentina (76 vezes), EUA (61), Chile (56), Uruguai (50), México (44), Colômbia (34), Peru (31), França e Paraguai (27), Bolívia (26), Itália (21), Alemanha (20), Equador e Espanha (18), Inglaterra (16), Coréia do Sul e Suécia (15), Japão (14), Portugal (10), Austrália e Venezuela (9), Arábia Saudita (8), Qatar e Suíça (7), Canadá e Costa Rica (6), Porto Rico e República Dominicana (5) e Egito, Finlândia e Holanda (4).

Lugar sonhado
""Quero jogar o próximo Pré-Olímpico. Por mim, jogarei todas as Olimpíadas que puder." Assim afirma o meia Diego, único da recém-finada seleção brasileira sub-23 que ainda será sub-23 no Pré-Olímpico para Pequim-2008.


E-mail rbueno@folhasp.com.br


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