São Paulo, terça-feira, 01 de fevereiro de 2005

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OLIMPÍADA

Dirigente grava primeiro depoimento após cirurgia cardíaca e diz que esporte precisa de nova lei de incentivo

Nuzman retorna via telão e pede dinheiro

EDUARDO OHATA
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

O presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, fez ontem, via teipe, sua primeira aparição pública desde que foi submetido a uma cirurgia cardíaca. O dirigente pediu, de novo, por uma lei de incentivo fiscal.
Depois de ter visto Lula prometer o texto -depois voltou atrás- e o projeto ser vetado pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci, Nuzman diz que a lei está em conformidade com a filosofia do governo de investir na base.
"É preciso uma lei de incentivo fiscal para o esporte, que não beneficiaria apenas o COB, mas também clubes, associações, escolas e programas [sociais]", argumentou Nuzman, com a voz rouca, ao aludir às prioridades para 2005 defendidas pelo ministro do Esporte, Agnelo Queiroz.
O pronunciamento de Nuzman, foi exibido em um telão armado no auditório da Bolsa de Valores do Rio, que abrigou a cerimônia de prestação de contas da utilização da verba da Lei Piva pelo COB e pelas confederações em 2004.
Apesar de esta licenciado, o presidente acompanha de sua casa os trabalhos no COB e se comunica com os subordinados por meio de monitor. Ele também marca reuniões em sua residência.
Além de pedir uma nova legislação, Nuzman relatou que os mais de R$ 70 milhões recebidos via Lei Piva no ano passado não foram suficientes. "Os recursos representam um terço das necessidades financeiras do esporte olímpico. Ela [Lei Piva] não resolve todos os problemas do esporte."
Ao comentar que a maioria das confederações do país não têm patrocínio, José Roberto Perilier, gerente-geral do departamento técnico do COB, e Marcos Vinícius, diretor técnico, aproveitaram para afirmar, quase em jogral, que ""as confederações precisam de apoio para alavancá-las... através de uma lei de incentivo".
Em meados do ano passado, Lula chegara a anunciar a criação de lei de incentivo, mas a idéia foi vetada por Palocci. Ela foi substituída por programa de fomento à base, para o qual seriam dirigidos R$ 200 milhões -foram aprovados cerca de R$ 30 milhões.
"O programa de fomento é melhor do que lei de incentivo, porque o dinheiro vai direto para a base. Essa é a nossa prioridade", disse o ministro Agnelo Queiroz.
O COB discorda da teoria. ""Para que a base seja atendida, só é necessário fazer amarrações. Do jeito que a Lei Rouanet [de incentivo fiscal para a cultura] está, só dá para investir na Fernanda Montenegro. É necessário constar no texto da lei as obrigações para com a base", respondeu Vinícius.
Agnelo parece convicto em não se desviar do caminho para 2005. "Às vezes alguém que está na base não tem a "voz" de um dirigente que aparece mais, porém precisamos olhar para eles também", afirmou há algumas semanas.


O jornalista Eduardo Ohata viajou a convite do COB

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