São Paulo, terça-feira, 01 de abril de 2008

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Jornal acusa Max Mosley de "orgia nazista"

Presidente da FIA se cala sobre escândalo e é criticado

DA REPORTAGEM LOCAL

Presidente da Federação Internacional de Automobilismo desde 1993, advogado renomado, ex-piloto de F-2 e dono de equipe na F-1, Max Mosley, 67, é agora peça central de um escândalo sexual na Inglaterra.
O episódio já abala sua permanência à frente da entidade. Ex-pilotos da F-1 questionaram sua manutenção no cargo. O dirigente também foi criticado por grupos de conscientização sobre o Holocausto.
No domingo, o "News of the World", tablóide sensacionalista britânico, deu destaque à suposta participação do dirigente em uma orgia com cinco mulheres numa casa em Chelsea, bairro classe média de Londres.
O jornal trouxe imagens extraídas de um vídeo que, afirma, tem cinco horas de duração. Nas imagens, de qualidade ruim, um homem identificado como Mosley paga 2.500 libras esterlinas (cerca de R$ 8.700) para praticar atos sadomasoquistas. Em determinado momento, fantasia-se de oficial nazista e faz sexo com duas mulheres vestidas como prisioneiras de campos de concentração da Segunda Guerra Mundial.
O jornal relaciona o suposto fetiche de Mosley a seu histórico familiar. Seu pai, Oswald Mosley, foi líder do partido fascista inglês, importante aliado de Adolf Hitler no pré-guerra.
A FIA foi econômica ao tratar do assunto. No domingo, por meio de um porta-voz, disse apenas que trata-se de uma questão pessoal envolvendo seu presidente e a publicação.
Ontem, informou que Mosley "já colocou os seus advogados em contato com o jornal".
Personagens ligados à F-1, porém, foram mais prolixos.
"O que as pessoas fazem em suas vidas privadas é assunto particular. Conheço bem o Max e se aquilo aconteceu deve ser uma grande piada", afirmou Bernie Ecclestone, chefe comercial da F-1, vice-presidente da FIA e parceiro político de Mosley desde meados dos 70.
Ídolo do automobilismo britânico, quatro vezes vice-campeão da F-1, Stirling Moss disse ter ficado chocado. ""Espero que ele possa [continuar na FIA], francamente, pois acho que ele é muito bom no que faz. Mas a situação é difícil. Suponho que o que acontece por trás de portas fechadas é particular, mas, quando uma coisa como essa vem à tona, é um choque absoluto", afirmou Moss.
Martin Brundle, outro ex-piloto inglês, foi mais incisivo. Atualmente o principal comentarista de F-1 da TV britânica, ele considera que Mosley não tem mais condições de ficar no cargo. "Não é um comportamento apropriado para um chefe de qualquer entidade global como a FIA", declarou.
As cenas também foram criticadas por Karen Pollock, chefe de uma organização que educa os jovens ingleses sobre o Holocausto: "Isso é doente e depravado. Estou absolutamente apavorada." Para Stephen Smith, diretor do Centro Britânico de Estudos do Holocausto, "Mosley, que já condenou o racismo na F-1, deveria viver segundo seus discursos".


Com agências internacionais


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