São Paulo, terça-feira, 01 de maio de 2001

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FUTEBOL

Ex-goleiro chileno, pivô da farsa do Maracanã, fala em "justiça"

Rojas recebe o perdão da Fifa depois de 12 anos

DA REDAÇÃO

O ex-goleiro Roberto Rojas, principal personagem da chamada ""farsa do Maracanã", foi perdoado oficialmente pela Fifa, a máxima entidade do futebol.
Em 1989, em uma partida entre Brasil e Chile pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 90, Rojas feriu a si próprio quando um foguete caiu no gramado. A equipe chilena deixou o campo, e a Fifa, após constatar a farsa, baniu Rojas para sempre do futebol.
"Rojas recebeu uma anistia que entra em vigor de imediato", disse Andreas Herren, responsável pelo setor de comunicação da Fifa.
Rojas, 44, comemorou ontem a notícia apesar de ter saído 12 anos após o episódio -ele já encerrou sua carreira como jogador.
"Paguei pelos meus erros há muito tempo. Estou contente com o anúncio. A Fifa fez justiça", disse Rojas, que trabalha desde a era Telê Santana no São Paulo como preparador de goleiros.
Rojas disse que foi o único que assumiu a culpa pelo incidente. Outras três pessoas foram punidas pela farsa e anistiadas: o técnico Orlando Aravena, o médico Daniel Rodríguez e o zagueiro Astengo, que comandou a saída de sua equipe de campo.
"Claro que me arrependo. Creio que a virtude está em assumir os erros e não só em desculpar-se. Não fui o único responsável pelo episódio e, no entanto, fui o único que assumiu a culpa", disse Rojas.
O Brasil vencia a partida contra o Chile por 1 a 0 quando Rojas cortou o próprio rosto -por uma suposta falta de segurança no Maracanã, o Brasil poderia ficar fora da Copa da Itália. A Fifa determinou posteriormente que o resultado do jogo fosse 2 a 0.
"A idéia de forjar a lesão foi minha, mas não fui eu que decidi tirar o time de campo. Isso foi uma determinação de dirigentes. Cada um tem a sua parcela de responsabilidade", disse Rojas.
No São Paulo, Rojas tem trabalhado quase que extra-oficialmente. Seu maior feito foi ver seu principal pupilo, Rogério, virar titular da seleção brasileira.
"Foi uma reivindicação pessoal e familiar. O caminho que seguimos em janeiro foi mais uma reivindicação moral porque seria loucura fazer uma reivindicação trabalhista", disse Rojas, que foi amparado pelo sindicato dos atletas profissionais do Chile no caso junto à Fifa. Ele disse que pretende continuar no Brasil e no São Paulo, clube que o acolheu na fase mais difícil de sua vida.


Com agências internacionais



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