RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

Gustavo Kuerten saiu do circuito, consultou médicos, viajou até Nashville, passou por uma delicada cirurgia, voltou a Florianópolis, jogou truco, dominó, divertiu-se, fez fisioterapia, ficou com a família, treinou e... voltou ontem como a grande estrela da temporada de saibro.
Nesse piso, oito torneios disputados até agora, ninguém aparece nem ao menos para fazer sombras às campanhas passadas de Kuerten. Por isso, o brasileiro ainda é rei. Afinal, quem o sucedeu nesta temporada? Gastón Gaudio? David Nalbandian? Younes El Ayanoui? Fernando González? Nicolas Massú?
Ninguém.
Juan Carlos Ferrero, o tenista que, há um ano, era classificado como o único capaz de fazer frente ao brasileiro na temporada de saibro, ainda que lhe faltasse cabeça, pouco mostrou até agora. Definitivamente não ocupou o espaço aberto pela saída momentânea de Kuerten.
Mais experiente, mais experimentado, Ferrero ficou com o título do Masters Series de Montecarlo, com boas vitórias sobre Carlos Moyá, Sébastien Grosjean, Tommy Haas, é verdade. Em Estoril e Barcelona, eventos nos quais tinha caminhos quase desobstruídos até a final, foi um fiasco, para dizer o mínimo.
Andy Roddick também conquistou um título, neste domingo, em Houston. Mas... Falta muito ainda para dizer que é a estrela do saibro em 2002.
Do russo Ievguêni Kafelnikov, que já ganhou em Roland Garros e sabe jogar no saibro, nem se fala. Uma humilhante derrota com apenas três games diante de Markus Hipfl (quem?) em Montecarlo, um fracasso diante de Stefano Galvani (quem?) em Barcelona. Sem falar a derrota de ontem, de novo em uma primeira rodada.
Falando em russo, Marat Safin é outro que pouco aproveitou estas primeiras semanas de terra batida. Campanhas para lá de discretas em Estoril (derrota para um finlandês) e Montecarlo (sucumbiu diante de Moyá).
Tim Henman, Tommy Haas, Thomas Johansson, Grosjean, Roger Federer... Zzzzzzzzz.
E o número um do mundo? Bem, Lleyton Hewitt também quase nada fez até agora na temporada de saibro; em Montecarlo, uma competição importante, caiu na primeira rodada, sem ao menos oferecer resistência. Em Barcelona, não passou de Gastón Gaudio (quem?) nas semifinais.
Andre Agassi pouco jogou; quando jogou, conseguiu perder para Pete Sampras no saibro, coisa que poucos até hoje conseguiram. Sampras, aliás, que chegou à final em Houston, afirma se sentir cada vez mais seguro e confiante no saibro. Ainda assim, alguém acredita que o velho Pete pode ser alguma coisa nesse piso?
Diante da incompetência dos grandes, os títulos e os sucessos até agora ficaram com os jogadores de segunda linha. Os Gastón Gaudio, David Nalbandian, Younes El Ayanoui, Fernando González, Nicolas Massú da vida.
Não nos enganemos, porém. Os grandes parecem que só querem saber de Roland Garros. Hewitt já confidenciou que falta um mês ainda para o Aberto da França, e é isso que interessa. O que acumular até lá é lucro. Agassi também trabalha com o foco no segundo Grand Slam da temporada.
Mais: com Gustavo Kuerten de volta, seus backhands, que ontem funcionaram maravilhosamente bem, o saibro ganha graça.

É o fim da linha
O espanhol Sergi Bruguera anunciou a aposentadoria. Foi dele que Guga ganhou na final do Aberto da França-97. Somou 14 títulos, incluindo dois Roland Garros (93 e 94). No seu auge, em 94, Bruguera chegou a ser número três do ranking mundial.

É o começo da carreira
Diego Cubas venceu a etapa do Circuito Banco do Brasil, em MG, na categoria 16 anos. A campeã foi Bruna Cunha. Na 14 anos, títulos para Victor Vaz e Laryssa Ferreira. Na 12 anos, deu Lucas Abella e Rebeca Neves. A segunda etapa é em Brasília (20 a 25 deste mês).

É o fim da picada
Jennifer Capriati aprontou das suas. Ela se recusou a cancelar um treino com seu pai e deixou de integrar a equipe americana na Fed Cup. Foi expulsa pela capitã do time, a ex-tenista Billy Jean King, e os EUA perderam da Áustria. Todas, até Monica Seles, criticaram.

E-mail randaku@uol.com.br



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