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AUTOMOBILISMO
Mostra de ONG apresenta vida de Senna a crianças carentes
Tricampeão é alento contra violência na periferia de SP
MARCUS VINICIUS MARINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
"Ontem mesmo houve um tiroteio aqui do lado. Saber mais sobre o Senna é importante para as
crianças perceberem que também
existem muitos brasileiros bons."
Nos arredores da Escola Municipal de Educação Infantil Ayrton
Senna, no Jardim Miriam, na zona sul de São Paulo, a violência
paira como uma sombra. Anteontem, segundo moradores,
um adolescente foi alvejado em
troca de tiros entre a polícia e bandidos bem na frente da escola.
A frase citada, da professora
Sandra Rodrigues, 37, sobre a visita da exposição "Ayrton Senna
do Brasil - Meu Sonho Não Tem
Fim" a seu local de trabalho, reflete a carência de um ídolo como o
tricampeão em uma das comunidades mais pobres da capital.
"Já me disseram em outras escolas que, se a gente não mostrar
um exemplo como o do Ayrton, o
exemplo vai ser o traficante", afirma o publicitário Alex Cardoso de
Melo, 33, que preside a ONG de
mesmo nome da exposição e que
já realizou o evento em 35 comunidades carentes.
A mostra sobre o legado de Senna, parte das celebrações de dez
anos de sua morte, foi levada ontem à escola paulistana que tem
seu nome e na qual estudam 1.100
crianças de quatro a sete anos.
Na exposição, livros, revistas,
material interativo, documentário, capacete, réplicas de carros de
F-1 e painéis com fotos e frases do
piloto têm contato com crianças
que, como Éverton, 5, não tiveram oportunidade de acompanhar a carreira do piloto em vida.
"Esse é o Rubinho, tio?", diz o
garoto ao ver uma foto de 92 de
Senna a bordo de um McLaren.
Outros já conhecem mais sobre
a vida do piloto. "Ele não namorou a Xuxa?", pergunta Caíco, 6.
"Minha mãe foi no cemitério dele", diz Bárbara, da mesma idade.
A escola por si só já é um tributo
à memória de Senna. Antes chamada EMEI Jardim Miriam, foi
renomeada em homenagem ao
piloto no ano de sua morte. Um
desenho em grafite de Senna agora figura na parede da instituição,
bem como um retrato do tricampeão sobre a porta da direção. A
maior parte das crianças, porém,
nem sabia quem havia sido o patrono da escola antes da mostra.
A ONG "Meu Sonho Não Tem
Fim" foi fundada por Melo em 97,
tendo por base a idolatria do publicitário pelo piloto e por objetivo a difusão do legado e da carreira de Senna a crianças carentes
sem idade para tê-lo conhecido.
"Decidi fazer isso numa festinha
do meu filho de cinco anos. Ele estava com alguns coleguinhas e
vestia uma camiseta com o S do
Senna. As crianças perguntavam
por que S, se o nome do meu filho
começa com G. Fiquei indignado
ao ver que essa nova geração nada
conhece dele", diz Melo, que planeja construir um asilo e uma creche em memória de Senna.
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