São Paulo, sexta-feira, 01 de junho de 2001

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FUTEBOL

Senadores querem devassar a vida bancária de Reynaldo Carneiro Bastos, vice-presidente da Federação Paulista

CPI tira sigilo de braço direito de Farah

DA REPORTAGEM LOCAL

A CPI do Futebol aprovou ontem a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Reynaldo Carneiro Bastos, vice-presidente da Federação Paulista de Futebol e braço direito de Eduardo José Farah.
Os senadores receberam denúncias de que Bastos é testa-de-ferro do homem que dirige a FPF desde 1988. "Não podemos adiantar por que o sigilo dele foi quebrado. A quebra não quer necessariamente dizer que o cidadão cometeu algum crime. Olhando a vida bancária, podemos também dar um atestado de idoneidade", afirmou o presidente da CPI, senador Álvaro Dias (PSDB-PR).
Homem de confiança de Farah, Bastos é responsável pela Comissão de Arbitragem e pelas finanças da federação. Ontem, o dirigente não respondeu aos recados deixados pela reportagem.
Bastos, que tem uma empresa de comércio de frangos em Taubaté (interior paulista) e um colégio com 1.200 alunos, participou da venda do polonês Piekarski para o Bastia, da França.
Em entrevista no final de janeiro, o então presidente interino da FPF -Farah estava licenciado-, confirmou que representou a entidade na negociação.
O caso Piekarski, revelado pela Folha, é um dos principais alvos de investigação da CPI. Os senadores suspeitam que Farah usou uma conta pessoal na Suíça para "guardar" US$ 1,2 milhão referente a parte do passe do polonês.
O dinheiro ficou fora do país por dois anos (de 1998 a 2000) e geraria, de acordo com especialistas em mercado financeiro, um lucro de US$ 250 mil se o US$ 1,2 milhão tivesse sido aplicado.
Tanto Farah -que ontem deixou hospital em São Paulo após internação por causa de queda de pressão- quanto Bastos negam irregularidade na transação.
Outro ponto que a CPI vai investigar é a suposta ligação de uma prestadora de serviços de limpeza, que seria de Bastos, com empresas que patrocinam (ou patrocinaram) equipes de futebol.
Além de Bastos, a CPI aprovou também a quebra dos sigilos bancário e fiscal de outro vice da FPF, Hugo Aparecido Arlete. Os senadores terão acesso aos dados dos dois dirigentes entre 1996 e 2000.
Apesar de agora estar atirando contra aliados de Farah, o senador Álvaro Dias elogiou o desempenho do dirigente no depoimento prestado há uma semana.
Na sessão, Farah concordou em abrir seus sigilos -apesar de ter recorrido ao Supremo Tribunal Federal para brecar o pedido.
Durante a final do Paulista-2001, disputada no último domingo entre Corinthians e Botafogo, no Morumbi, o presidente da CPI foi convidado de honra de Farah.
Ontem, os senadores ouviram o depoimento do presidente da Federação Estadual do Rio, Eduardo Viana. O dirigente admitiu que teve uma cirurgia no valor de R$ 17 mil paga pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira. "Não vejo nenhum problema nisso."
O relator da CPI, Geraldo Althoff (PFL-SC), disse que Viana incorreu em crime fiscal, uma vez que não declarou a doação em seu Imposto de Renda.
Questionado sobre a possibilidade de abrir suas contas, Viana disse não. O dirigente tem liminar que impede a devassa.
A CPI determinou que o deputado Eurico Miranda (PPB-RJ) e Teixeira vão depor em agosto. Viana também voltará ao Senado.




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