São Paulo, sábado, 01 de junho de 2002

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GRUPO C/ ONTEM

Graças a chip, atletas pagam tarifa européia

Seleção estréia celular e economiza na conta

FÁBIO VICTOR
FERNANDO MELLO
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A ULSAN

Confinada em dois andares de um hotel em Ulsan, a seleção brasileira, ou pelo menos parte dela, ganhou um consolo financeiro.
Os 11 jogadores que atuam na Europa começaram ontem a poder usar seus telefones celulares, um dos objetos mais polêmicos da "cartilha" disciplinar imposta pelo técnico Luiz Felipe Scolari ao time nacional durante a Copa.
E, graças a um chip, os "estrangeiros" da seleção podem utilizar, num aparelho coreano, o mesmo número de seus celulares na Europa e -o que mais festejaram- pagar pelas ligações o preço que pagam no velho continente.
Maioria do grupo de 23 convocados, os jogadores que atuam no Brasil não desfrutam ainda da "regalia". Para tanto, teriam que alugar aparelhos coreanos, o que, segundo a comissão técnica, até que é permitido, entretanto ainda não foi feito -talvez para não desagradar a Scolari.
Embora todos os quartos do hotel possuam telefones fixos, a opção dos "europeus" pela adaptação dos celulares foi uma maneira encontrada para economizar, pois são os atletas que têm de pagar as despesas das chamadas.
"A diferença entre fazer uma ligação do celular e do telefone fixo é muito grande. No hotel é muito caro", disse o zagueiro Edmílson.
Além de ter a obrigação de pagar os salários dos jogadores (que variam entre R$ 50 mil e R$ 1 milhão mensais) enquanto eles estiverem trabalhando pela seleção, a CBF é responsável pelas despesas de transporte, alimentação e hospedagem dos convocados.
Na Coréia, os atletas recebem ainda uma diária de US$ 100 cada, mas a obrigação de pagar as contas dos quartos leva à preocupação com o preço das chamadas.
Só com o recurso do chip parte do time se sentiu à vontade, mas mesmo assim demorou para usar os celulares. Motivo: tentaram, sem sucesso, obter um desconto na caução de US$ 300 que deixaram para receber os aparelhos.
Famoso por sua "pão-durice", Scolari também tem conversado pouco com o Brasil. "Quase não tenho falado com a Olga [sua mulher]. É muito caro", afirmou.
Mesmo com parte do time já munida de celulares, seu uso tem restrições de horários e locais. Quem for pego falando ao telefone após o horário de recolher, 23h (ou 23h30, em dias de jogo), será advertido. Os atletas só podem usar os celulares nos quartos.
Os jogadores consideram as regras naturais. "Quando é para o bem da seleção, claro que ninguém vai ficar com o telefone às duas, três horas da manhã. Ninguém é louco, porque tem treino de manhã. Isso aí não é nem preciso ter cartilha. Jogador tem que ser profissional, isso é Copa do Mundo", disse Rivaldo.
"Espero que a gente utilize bem esse celular para falar com as pessoas, mas cada um é profissional, sabe a hora que pode falar. Temos de ter domínio próprio de estar longe da família. É um sacrifício que vai valer a pena, pelo Mundial", completou Edmílson.


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