São Paulo, domingo, 01 de junho de 2008

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JUCA KFOURI

O clássico dos erros


O Santos errou ao perder Emerson Leão, e o São Paulo está em vias de errar se perder Muricy Ramalho

SAN-SÃO todo errado, este, de hoje, na Vila Belmiro.
O que poderia ser um duelo dramático entre dois técnicos em busca de honrosa sobrevivência virou um jogo essencial para um time só, o tricolor, porque o alvinegro entrou em fase de transição, sem maiores expectativas imediatas. É claro que quer ganhar, mas está dando um tempo...
O São Paulo não. O São Paulo tem de vencer mesmo na casa adversária, onde, por sinal, está acostumado a se dar bem. E não pode errar.
Como o técnico que nos últimos três anos foi eleito o melhor do país deixou de ser bestial para virar uma besta, é óbvio que o cargo dele corre risco, mesmo com o apoio, solitário é verdade, do presidente do clube.
A situação é tão delicada que um importante cartola tricolor é capaz de dizer que Muricy é bronco a tal ponto que, se fosse motorista profissional, teria de ser de ônibus, pois ninguém o aturaria num táxi.
Vivemos neste mundo, dos rótulos e da imagem é o que vale.
Do mesmo modo que tem o cara que anda de carrão para impressionar os que não sabem que a máquina está penhorada, tem os que são rotulados como perdedores, ruins de mata-mata, especialistas em pontos corridos e outras cositas. Cuca, por exemplo, é perdedor, como Telê Santana também foi e, mais recentemente, Abel Braga.
Cá entre nós, Cuca precisa mesmo é tratar sua clara tendência à depressão, que, de um jeito ou de outro, passa para os grupos que comanda. Fora isso, é um ótimo montador de times e deixa amigos por onde passa.
O inverso, por exemplo, de Emerson Leão, que, no entanto, levou o Santos muito mais longe do que o elenco do Santos poderia sonhar.
Já Muricy, ficou combinado assim, não combina com mata-mata, porque virou pecado mortal o São Paulo não ganhar todas as Libertadores que disputar, na verdade uma contaminação do vírus da arrogância que teria passado de cima para baixo e chegado à torcida.
Menos mal, para o futebol paulista, que o mestre dos pontos corridos, Vanderlei Luxemburgo, conduzirá o caro Palmeiras ao atropelamento do Furacão em Parque Antarctica e que, afinal, só o Fluminense, do rival Rio de Janeiro, segue vivo, embora ainda ameaçado pelo Boca Juniors.
Porque Vasco e Botafogo caíram na Copa do Brasil.

Destinos cruzados
Em vez do estádio dos Aflitos, a Ilha do Retiro. Parece que o destino de Mano Menezes é viver fortes emoções no Recife.
Em vez de tirar o Corinthians da segunda divisão, tirá-lo da Libertadores. Não, esse não é o destino de Nelsinho Baptista, por mais que isso possa ocorrer, porque não se pode esquecer que foi sob seu comando que o alvinegro ganhou, com um time limitadíssimo, seu primeiro Brasileiro, em 90, ao bater o mais forte São Paulo, de Telê Santana, então um perdedor, lembra?
Por ter eliminado Palmeiras, Inter e Vasco, quando o Corinthians só eliminou o Botafogo, o Sport deve sim ser considerado favorito. Mas é inegável que o Corinthians chega muito mais forte do que se poderia imaginar e que o tri é perfeitamente possível.

blogdojuca@uol.com.br


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